Artigo publicado no blog da AlwaysOn
Em 1912, antes de o H.M.S. Titanic colidir com seu nêmesis, o iceberg de 120 metros de comprimento (quase a metade do comprimento do navio) que tirou a vida de cerca de 1.500 pessoas, teria havido uma série de avisos em relação ao risco que o navio corria.
Todos teriam sido negligenciados.
Muitos temem que, exatamente 110 anos depois, um novo iceberg esteja à espreita para fazer naufragar algo que é bem maior do que um transatlântico: toda a indústria da publicidade.
O Google anunciou recentemente que o uso de cookies de terceiros em seu navegador Chrome será interrompido a partir de 2022.
Não há dúvida que isso afetará os anunciantes, os usuários e as agências de publicidade de maneira inédita.
Mas a ponto de comprometer suas existências?
O que são cookies e como funcionam
Cookies são pequenos arquivos de texto com etiquetas de identificação exclusiva, as tags, colocados pelos sites nos computadores dos usuários para ajudar na navegação e que, em compensação, oferecem um mundo de informações sobre esses usuários, como, por exemplo, lembrar uma página que já foi visitada ou um item que foi adicionado ao carrinho de compra.
Quando falamos em cookies de terceiros, porém, estamos nos referindo àqueles que permitem o compartilhamento de informações para entender a navegação anterior do internauta pelos sites da Internet.
O fato é que esses “third-party cookies” são utilizados por mais de 60% dos internautas no mundo e aproximadamente 80% dos usuários no Brasil, de acordo com dados da StatCounter em 2020.
Os anunciantes e empresas de marketing usam os cookies para coletar dados, registrar navegação e visitas, e entregar anúncios customizados para suas audiências incrementando seus resultados.
Ainda que a finalidade dos cookies não fosse essa originalmente, acabaram por ganhar uma extrema relevância na publicidade.
É óbvio, não?
Se sabemos o comportamento anterior do usuário em diferentes sites, temos uma oportunidade muito maior de identificar seus hábitos e preferências, coletar e analisar informações como dados demográficos e localização, e ser mais certeiros em relação ao que oferecer e a quem.
Grande parte do crescimento da publicidade nos últimos anos deve-se à aplicação e à utilização de cookies.
Cookies são eficazes porque são persistentes – permanecem no computador do usuário, analisando o seu comportamento enquanto internauta.
Mas podem também ser insistentes – e irritantes.
Ai de você se demonstrar interesse por um apartamento colocado à venda pelo site de uma construtora.
Onde quer que vá vai esbarrar com anúncios de apartamentos.
A ponto da ação dos cookies de terceiros passar a ser percebida e a irritação do usuário evoluir para uma preocupação – legítima, aliás – com a sua privacidade.
Eliminar os cookies de terceiros é realmente a melhor solução?