Dificuldade em equilibrar a vida pessoal e o trabalho pode reduzir o tempo disponível para o próprio cuidado; mês da mulher traz visibilidade para a importância da saúde feminina
No mês em que se comemora o Dia Internacional da Mulher, uma pauta ganha mais força: a situação da saúde feminina. No Brasil, apesar das mulheres terem hábitos mais saudáveis do que os homens — fumam menos, não se excedem no álcool e consomem mais frutas e legumes — dados do Estudo Longitudinal de Saúde do Adulto (Elsa-Brasil) indicam que 40% das brasileiras, de todas as faixas etárias e grupos socioeconômicos, não conseguem cumprir a recomendação mínima semanal de duas horas e meia de atividade física no lazer.
Segundo o levantamento, o cenário ocorre devido à dificuldade de conciliar o trabalho e as demandas da família ao tempo para cuidar de si, aumentando o estresse e o risco de enxaqueca. O Esla indica ainda que isso ocorre principalmente entre mulheres mais jovens, com menos escolaridade e filhos pequenos.
Para Damaris Dias, gerente de Pessoas e Cultura do Hub de Negócios e Comunicação Gotcha e da GT7, Unidade de Negócios do Grupo TODOS Internacional, as empresas podem ser aliadas nesta jornada de incentivo ao cuidado com a saúde e o bem-estar da mulher. “Tomando esse objetivo como uma prioridade, as empresas podem implementar ações eficazes para promover um ambiente de trabalho mais acolhedor e saudável para as colaboradoras”, afirma Dias.
1. Campanhas de conscientização abrangentes
É fundamental abordar a saúde feminina de forma integral, incluindo temas como saúde mental, nutrição e bem-estar. “Precisamos ampliar o diálogo sobre a saúde e o bem-estar da mulher como um todo, campanhas informativas e palestras com especialistas podem ajudar na prevenção de doenças e promover a qualidade de vida das colaboradoras não só em março, mas o ano inteiro”, destaca Dias.
2. Programas de flexibilidade de horário
Permitir que as mulheres ajustem suas jornadas de trabalho para atender necessidades pessoais, como consultas médicas e atividades familiares, contribui para a redução do estresse e melhora a motivação e o desempenho profissional. “Dar essa autonomia para a mulher ajustar sua rotina, a fim de conciliar consultas médicas, atividades com a família ou simplesmente ter um tempo para cuidar de si mesma, é importante. A mulher que se sente dona do seu tempo, tende a estar mais motivada, o que, consequentemente, reduz o estresse e melhora o desempenho profissional”, ressalta a especialista.
3. Espaços de diálogo seguros e acolhedores
Criar rodas de conversa, grupos de apoio ou disponibilizar o acompanhamento psicológico dentro da empresa permite que as mulheres compartilhem suas experiências e busquem suporte para lidar com os desafios do dia a dia. Promover rodas de conversa ou palestras com especialistas em saúde feminina, por exemplo, pode normalizar as conversas sobre o tema.
4. Treinamento de líderes para uma gestão humanizada
“É essencial que os líderes estejam preparados para acolher as necessidades das colaboradoras com empatia e respeito, criando um ambiente de confiança e diálogo aberto sobre saúde e bem-estar”, endossa Dias. Para isso, a profissional acredita ser necessário treinar as lideranças, ter canais abertos de comunicação ou, até mesmo, oferecer apoio psicológico pela empresa.
5. Canais de comunicação transparentes
A implementação de comitês de diversidade e inclusão ou a criação de canais específicos para receber sugestões e demandas relacionadas à saúde da mulher garantem que as colaboradoras se sintam à vontade para expressar suas necessidades.
6. Cultura organizacional inclusiva
Promover uma cultura que valorize a diversidade e a inclusão beneficia a saúde das mulheres ao criar um ambiente seguro e acolhedor, onde se sintam confortáveis para falar abertamente sobre suas necessidades e expectativas. “Quando existe uma cultura organizacional inclusiva, as mulheres se sentem mais confortáveis para trazer suas preocupações à tona, sem medo de serem julgadas. O resultado é um ambiente onde as colaboradoras podem ser autênticas, o que contribui para sua saúde e, consequentemente, para o sucesso da empresa”, aponta Dias.
Para a profissional, olhar para o bem-estar da mulher destaca a importância de tratar a saúde feminina como parte estratégica da gestão de pessoas, promovendo um ambiente corporativo onde o cuidado com as colaboradoras seja prioridade. “Muitas mulheres enfrentam uma carga dupla de trabalho, dividindo-se entre as responsabilidades no trabalho e em casa, o que pode levar ao desgaste mental e físico, além de desafios específicos, como o retorno ao trabalho após a maternidade, menopausa”, afirma Dias. “Por isso, a saúde da mulher é um tema que merece atenção no ambiente de trabalho porque envolve tanto questões físicas quanto emocionais”.
Segundo a gerente de Pessoas e Cultura, ao adotar essas medidas, as empresas demonstram compromisso com a saúde e o bem-estar de suas colaboradoras, não só em março, mas durante o ano todo, criando um ambiente de trabalho mais justo, produtivo e engajador.