A
família Staub anunciou, na semana passada, a última etapa de seu
programa de reestruturação financeira para reiniciar a produção de
eletroeletrônicos com a marca Gradiente. A empresa esteve entre as
líderes do setor entre meados da década de 90 e dos anos 2000, antes que
um processo de decadência culminasse com a saída do mercado em 2008.
Está programado para o último trimestre de 2011 o lançamento dos
produtos que terão a missão de apagar da lembrança do consumidor a
imagem desgastada da companhia, principalmente por problemas com o
pós-venda em seus últimos anos de atividade. A tarefa será árdua.
“Resgatar
uma marca com valor depreciado é muito difícil. Nesse caso, é missão
quase impossível”, opina Gílson Nunes, sócio-diretor da SuperBrands. “A
Gradiente era um ícone, mas deixou o mercado com muitos problemas de
produto e assistência técnica. Fica um resíduo, é inevitável.”
Não
bastassem os obstáculos próprios de um processo de reconquista de
confiança, a Gradiente encontrará um panorama muito diferente do tempo
em que era um player relevante. A concorrência está mais afiada, com
coreanos na liderança e chineses ganhando terreno por meio de
estratégias agressivas de preço e agilidade nos lançamentos. A Philips e
a Panasonic não resistiram. Os holandeses abriram mão de controlar a
sua divisão de TVs, formando uma joint-venture, da qual deterá apenas
30%, com a TPV Technology, baseada em Hong Kong e dona da marca AOC. Já
os japoneses anunciaram o enxugamento de suas operações, com o
fechamento de 70 fábricas e o corte de 17 mil postos de trabalho.
No
Brasil, o novo cenário inclui um setor de varejo muito mais
consolidado. Segundo Eugênio Staub Filho – que ocupa interinamente a
posição de diretor presidente até que novo executivo seja indicado para o
cargo – o posicionamento com o qual a marca se reapresentará ao público
leva em conta as novas configurações do mercado. As ambições de
participação nas categorias serão mais modestas.