A Internet atingiu a maioridade

(reproduzido do blog www.luisnassif.com.br)

Um estudo do The Pew Research Center of the People & the Press, mencionado no Blog de Maurício Stycer, do IG, mostra que, pela primeira vez, a Internet ultrapassou os jornais como principal fonte de informação dos norte-americanos. Agora, fica atrás apenas da televisão.

O uso intensivo dos blogs nas últimas eleições presidenciais norte-americanas deve ter influído no ritmo de penetração da Internet. Em 2006, 21% dos norte-americanos se informavam através dela, contra 37% através de jornais e 74% da televisão.

Agora, os que recorrem à Internet aumentaram para 40%, os leitores de jornais caíram para 35% e os que se informam pela televisão baixaram para 70% – chegaram a ser 82% em 2002.

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Em quase todos os países, essa mudança foi acelerada por processos eleitorais, especialmente quando a chamada grande imprensa escrita resolveu tomar partido. Foi assim na Espanha, quando as eleições presidenciais coincidiram com o atentado terrorista em uma rodoviária. A imprensa denunciou a oposição; as informações verdadeiras circularam pela Internet e pelos torpedos nos celulares. Ao final do processo, tinha-se a grande mídia enfraquecida e as novas formas de comunicação fortalecidas.

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No Brasil, a consolidação dos blogs se deu em plena campanha eleitoral de 2006, quando a chamada grande imprensa deixou de lado parte relevante do público que apoiava Lula.

Em 2008, os blogs entraram em novo patamar devido à cortina de silêncio em torno do caso Satiagraha – Daniel Dantas, e da blindagem criada para o polêmico presidente do Supremo Tribunal Federal Gilmar Mendes.

Sem espaço nos grandes veículos, as informações passaram a circular pela Internet, blogs e listas de discussão, desarmando inúmeros factóides criados ao longo do período por alguns grupos.

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Esse episódio serviu apenas de catalisador para as novas formas de comunicação. Na verdade, existem recursos diferenciados, possíveis apenas na Internet. Um deles, o da interação, do leitor poder dar sua opinião e, principalmente, trazer informações para o contexto da notícia.

Outra facilidade é a possibilidade de linkar matérias e trabalhos à reportagem, reforçando a credibilidade das afirmações lá contidas.

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É evidente que a falta de normas da Internet cria um caos que levará algum tempo para decantar. Alguns blogs ainda são utilizados para ataques pessoais, para jogadas de informação, para os chamados “assassinatos de reputação”. Há, também, muita partidarização nas discussões, típica desses momentos novos, em que o leitor se liberta do espaço das cartas e passa a opinar sobre qualquer assunto a qualquer tempo.

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Ainda há muiito a caminhar, mas a Internet já mudou a face do país e, especialmente, da mídia. Por exemplo, quando surgiu o factóide do tal “grampo” que teria gravado conversas de Gilmar Mendes, a desmontagem da farsa se deu exclusivamente através da Internet.

Hoje em dia, o personagem público mais execrado do país é Gilmar Mendes. Mesmo tendo recebido o apoio unânime da imprensa do triângulo Rio-São Paulo-Brasília.

A Internet já atingiu a maioridade.

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