Compra do TweetDeck vai fazer o Twitter se fechar?

Meio & Mensagem

O Twitter anunciou nesta quarta-feira, 25, a compra do TweetDeck, uma
ferramenta popular e sofisticada que facilita muito a visualização de
tweetstreams (tuítes ligados a uma conta ou discussão específica) e de
buscas internas- tanto no computador quanto em outras plataformas, como o
iPad. O valor da transação ainda não foi divulgado, mas estima-se que
gire em torno de US$ 40 milhões (cerca de R$ 65 milhões).

Para o
Ad Age, o acordo foi fechado para que o Twitter “mantenha o controle
sobre seus usuários”. Faz sentido: o Twitter já criou ou comprou
aplicativos ligados a ele para o iPhone, o Android, o Blackberry e
outros sistemas. Como o Twitter tem aberta sua API (conjunto de padrões
para criar aplicativos ligados ao software de um site), pipocaram
diversos serviços de terceiros para dar suporte a ele. O que significa
que a experiência de se usar o Twitter, incluindo a visualização de
anúncios, não é a mesma para todos. Agora o que se espera é que a
empresa comece a oferecer uma experiência comum a todos esses
dispositivos, combinando as melhores partes do que foi acordado com seus
anunciantes.

Mas o que isso significa para os profissionais de
marketing? Pesquisa do Ad Age aponta que, nas redes sociais, cerca de
10% da influência que as pessoas têm umas sobre as outras para aquisição
de produtos e serviços vêm do Twitter – para onde caminha todo esse
fluxo?

Há quem pense que o Twitter vai manter iguais suas
condições, mas experiências recentes dizem o oposto. Ele deve
desenvolver novas funcionalidades na sua API, especialmente para
proporcionar uma publicidade mais assertiva. Esses recursos vão ser
implantados, talvez até melhorados, nas ferramentas criadas ou
adquiridas de terceiros. Os anunciantes, ao negociarem com o Twitter,
vão ouvir promessas sobre seu alcance. E o Twitter vai cumprir essas
promessas com seu arcabouço de aplicativos. O resto do ecossistema da
rede de microblogs tem sido muito útil ao próprio Twitter no sentido de
ajudá-lo a chegar ao ponto em que está hoje. Mas agora ele mesmo vai ter
que fazer o serviço antes executado por outros sites.

O Twitter,
que já foi muito aberto, será cada vez mais um sistema onde as
interações importantes são controladas pela empresa. Igual ao Facebook.
Os anunciantes vão ter de jogar obedecendo a essas regras.

Trata-se
de mais um passo rumo à “Splinternet”, expressão em inglês para a
internet supercontrolada. Aquela vivência da web aberta e baseada em
padrões que nós abraçamos nos últimos 15 anos está virando uma gama de
plataformas muito queridas pelo público, mas comercialmente controladas
(como a Apple, o Facebook e, agora, o Twitter). Enquanto esses sites
ainda nos fascinam, não devemos ser ingênuos: eles são controlados por
empresas, e empresas que vão dar as cartas para determinar como
anunciantes podem usá-los para se comunicar. Elas vão mudar essas normas
como bem entenderem, o que tornará a vida de um profissional de
marketing bem mais desafiadora.

Estamos na era da Splinternet. E é melhor nos acostumarmos com isso.

*Josh Bernoff, vice-presidente sênior de desenvolvimento de ideias na Forrester Research, para o Advertising Age.

(tradução de José Gabriel Navarro)

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