Laterais de edifícios paulistanos que abrigavam anúncios publicitários gigantes antes da Lei Cidade Limpa, de 2007, serão liberadas pela prefeitura para grafiteiros e muralistas. Empresas poderão bancar as obras e terem ou suas marcas expostas discretamente no prédio ou terem seus produtos mencionados de forma indireta nas próprias obras.
Já foi feito um projeto-piloto em um edifício do vale do Anhangabaú, no centro.
A obra, um grafite de Osgemeos, foi patrocinada pelo Sesc e aprovada em 2009 em caráter provisório. Por fim, decidiu-se que ela poderia continuar no local até a demolição do prédio, que deve ocorrer ainda neste ano.
Ainda como piloto, outras duas obras podem ser vistas nas avenidas Tiradentes e Prestes Maia, também na região central. A primeira é um mural de Eduardo Kobra, em preto e branco, que retrata uma cena antiga da cidade, foi patrocinado pelo Senac. A outra é um mural, em estilo pop art, de Daniel Melim que foi patrocinado pela KLM. A empresa aérea, abriu mão do direito de colocar publicidade no local, preferindo usar imagens do painel para associá-lo à sua marca em redes sociais da internet.
As obras terão que ser aprovadas caso a caso, embora a meta seja “desburocratizar” ao máximo o processo, que deve levar dois dias. Mas se a empresa quiser ter o nome na obra -o limite da propaganda é de 60 cm por 40 cm-, a autorização deverá levar um mês, pois é preciso aval da Comissão de Proteção da Paisagem Urbana.
Grafiteiros e muralistas comemoraram a iniciativa e começam a se mexer em busca de patrocínios. Ouvidos pelo jornal Folha de S. Paulo, alguns deles disseram que um mural de grandes dimensões custa de R$ 20 mil a R$ 70 mil em tintas e equipamentos. “A tinta a gente até consegue. O mais caro são as plataformas” afirma o grafiteiro Mundano. Além disso, observou, há os condomínios, “que estavam acostumados a ganhar fortunas alugando os espaços para publicidade e chegam a pedir até R$ 10 mil”.
Fonte: Folha de S. Paulo