Burocracias existem para que grandes corporações possam desenvolver processos com várias fases sem que o core seja prejudicado. Em contrapartida, essa complexidade de procedimentos, geralmente cercada de grande rigidez é, na maioria das vezes, a principal razão pela qual uma ideia não sai do papel ou perde o time to market. Além, é claro, de outros fatores que precisam ser superados.
Com a velocidade em que as novas ideias estão surgindo, é importante que todo e qualquer processo de inovação seja ágil e que preferencialmente, possua uma verba exclusiva para desmistificar a competição com outras áreas da companhia. Ao longo das últimas décadas, diversas corporações sentiram da pior forma, o impacto dessa falta de priorização e investimento em inovação.
O foco no core era tão grande que não tinha “espaço” para olhar para o lado ou para frente e pensar que algum concorrente ou uma nova solução poderia, a qualquer momento, substituir ou até destruir seu negócio. Imersa nesse ambiente a resposta foi a pior possível.
Alguns dos principais exemplos dessa atitude foram fatais:
“Não vimos um impacto direto do Airbnb em qualquer um de nossos hotéis” – Essa foi a fala de Richard Jones, VP e Diretor de Operações da HVMG (Hospitality Ventures Management Group) durante uma entrevista com a Hotel News Now em 2014.
Fundado em 2008, apesar de não extinguir os hotéis, o Airbnb se tornou o mais temido concorrente das redes e é hoje, a maior plataforma de compartilhamento de casas do mundo e com mais quartos que qualquer rede hoteleira.
“Nem a Red Box, nem a Netflix estão no nosso radar em termos de competição” – Foi o que disse o Jim Keyes, CEO da Blockbuster em 2008. Dois anos depois vieram a falência.
O mesmo aconteceu com a BlackBerry, que até então era líder no setor de smartphones até meados de 2011, quando negligenciou o poder da entrada da APPLE no mercado e aconteceu o famoso “The Rise and Fall”, indo à falência 5 anos depois.
Para fugir deste padrão seguem as cinco principais iniciativas para começar a tirar a inovação do papel:
1) INVESTIMENTO EM TEMPO E RECURSOS NECESSÁRIOS
Sem um bom time em jogo com tempo dedicado ao projeto, é praticamente impossível fazer acontecer. As pessoas são o bem mais valioso para a criação de um projeto.
2) AUTONOMIA PARA DECISÃO
De nada adianta ter um bom time ou um bom líder se esse não tem poder de tomada de decisão. Sem isso, o projeto deixa de ser ágil e entra na mesma esteira burocrática de outras demandas. Por isso, é importante criar um núcleo sem muitas interferências externas com budget dedicado.
3) VISÃO DE LONGO PRAZO
Dependendo da natureza do projeto, é preciso arriscar e investir para ter resultado em longo prazo. Assim como startups, o início do percurso é duro e demanda investimento, adaptações e ajustes contínuos para chegar a um modelo final promissor.
4) DESAPEGO CULTURAL
Às vezes é bem difícil conseguir separar uma ideia nova do que já existe hoje dentro da corporação e com isso, as boas iniciativas acabam sendo engolidas. Quando isso acontece, o projeto fica engessado e deixa de ser inovador. Por isso, é importante não se apegar tanto a cultura da corporação e deixar que o time cuide, crie e mude o quanto precisar.
5) OLHE PARA DENTRO DA SUA EMPRESA
Na maioria das vezes, as corporações possuem talentos incríveis prontos para sugerir ou criar novas iniciativas, que ficam retraídos ou “escondidos” pela intensa rotina de trabalho. É essencial dar oportunidade e liberdade para que seus funcionários se engajem com as iniciativas de inovação da corporação.
Não tenha medo de mudar, criar ou mesmo errar. Inovação sempre esteve presente na vida de todos e a cada dia se mostra mais importante para a saúde e estabilidade das grandes corporações e pequenos empreendedores. Ser negacionista com este assunto pode ter consequências devastadoras. Construa hoje, o que pode te destruir amanhã. A melhor atitude é se adaptar às necessidades do seu cliente e buscar todas as ferramentas possíveis para oferecer o melhor produto, serviço ou experiência. E isto em todo momento.
A autora, Catharina Gaissler, é consultora Sênior de Estratégia e Inovação da Play Studio consultoria de inovação e venture builder.