Desde que se começou a falar mais intensamente sobre metaverso, tanto o público geral quanto os investidores se mobilizaram ao redor da euforia de promessa de utopia futurista. Só em 2022, por exemplo, as vendas de tokens não fungíveis (NFTs) chegou aos R$ 129 bilhões, segundo dados do Dapp Radar. No entanto, o consenso quase geral é de que o mundo – e especialmente o Brasil – ainda está engatinhando nesta nova realidade que promete substituir tudo o que é físico pelo digital. Neste sentido, há uma percepção de que ainda não estamos prontos para o metaverso e de que ele “falhou”. Para Rafael Esper, diretor criativo da GPJ Brasil, unidade brasileira da agência líder mundial em live marketing/brand experience George P. Johnson Brasil, entretanto, um dos problemas desta afirmação é a própria falta de concordância sobre a definição deste mundo.
De acordo com muitos, o metaverso seria uma espécie de “ponto de chegada”, um “lugar” ou ainda “um produto” idealizado por gigantes da tecnologia. Para Rafael, o conceito é bem mais amplo: é uma jornada que já estamos trilhando há algum tempo e que nos últimos anos assumiu um ritmo acelerado. Olhando deste modo, já estamos no metaverso e ele está longe de ser um projeto malsucedido.
“Os elementos que compõem o metaverso, como a IA, a IA Generativa e, principalmente, as tecnologias imersivas, estão avançando muito rápido. Mas as pessoas encapsularam o metaverso em uma expectativa cultural de que ele só vai ‘acontecer’ quando tudo isso estiver funcionando e acontecendo ao mesmo tempo. Outros o enxergam como um ‘produto’ idealizado por Mark Zuckerberg e que falhou antes de nascer. Tudo depende da maneira como o compreendemos. Podemos dizer que, desde o advento da Internet, o metaverso está em franco desenvolvimento”, destaca.
O diretor criativo da GPJ observa que gerações mais novas não costumam sequer questionar o que é o metaverso, porque a fusão do real com o digital já é percebida por elas como uma segunda natureza. Para o especialista, o conceito de um lugar que acessamos através de óculos é bastante limitante. Mais interessante, é entendê-lo como uma camada a mais dentro do universo em que vivemos. “Uma reunião por videoconferência é uma evolução imensa que as pessoas não dão o devido valor. A telemedicina também. Tudo isso são grandes e importantes ensaios para o metaverso. Mas ele não tem uma forma fechada e definida. Talvez estejamos acessando as primeiras camadas deste novo universo, mas as coisas estão se movendo rápido”, reforça.
Ainda que a performance financeira da Meta nos últimos meses tenha registrado um prejuízo de quase US$ 4,3 bilhões, muitas empresas seguem apostando e investindo no metaverso. “O tempo para amadurecimento de toda tecnologia é essencial. Não tem como, de um dia para o outro, algo tão complexo estar em pleno funcionamento. É uma questão de alinhamento de expectativas. Mas, novamente, olhando para todas as evoluções que tivemos, o futuro é mais do que promissor para o metaverso”, conclui Rafael.