Autor convidado: Raymundo Peixoto, vice-presidente sênior de Soluções de Datacenter da Dell Technologies para América Latina
Durante a pandemia, o setor varejista, como nenhum outro segmento da economia, conseguiu mostrar a sua capacidade de adaptabilidade e resiliência. Desde a criação de pontos de entrega nos estacionamentos das lojas, passando pelo aumento do compre e retire nos restaurantes, até a expansão da utilização de apps para serviços de reservas, meios de pagamento sem contato e carteiras digitais (e-wallets). As experiências digitais foram sendo construídas no relacionamento entre os estabelecimentos comerciais e seus clientes.
A principal métrica que quantifica esse cenário durante o período de isolamento social foi o crescimento das transações de comércio eletrônico, que desde 2020 vem crescendo em dois dígitos na América Latina. A previsão é que a atividade continue se expandindo a uma taxa de 20% até 2025, segundo a Statista, alcançando um valor de US$ 160 bilhões contra os US$ 85 bilhões reportados em 2021. Um boom de 100% em apenas quatro anos.
É claro que, dentro dessa dinâmica de vendas online, as prioridades de investimento dos grandes players do Varejo, mais do que focados em mais tecnologia da informação – aos quais já se dedicavam durante a pandemia -, hoje estão focados na implantação de infraestrutura logística para superar a limitação geográfica com foco em ampliar e conquistar novos mercados. Isso ao mesmo tempo em que já começam a capitalizar a análise de dados do consumidor para promover novos produtos e serviços complementares à experiência de compra. Como por exemplo: meios de pagamento, crédito ao consumidor, entre outros.
Mas esse momento não é transversal a todo o ecossistema de Varejo na América Latina, onde a maioria dos negócios convivem no estágio que chamamos de 2.0 ou 3.0 de sua transformação digital. Essas operações são obrigadas a dar um salto quântico na gestão de seus negócios e na experiência digital que oferecem a seus clientes. Caso contrário, perecerão.
A chave está na borda
A transição da computação dos grandes data centers para os ecossistemas de borda (Edge Computing) é a chave para a transformação do Varejo. E não é um processo desconhecido, pois o setor já percorreu um longo caminho na implementação de soluções para controle de estoque em tempo real, além da gestão financeira.
O grande desafio de hoje é trazer toda a inteligência alcançada nos canais digitais, partindo dos data centers, até a experiência física dos consumidores. De acordo com dados da 451 Research, da S&P Global Market Intelligence, e encomendada pela Dell, 77% dos varejistas esperam aumentar significativamente suas implantações de Edge Computing nos próximos dois anos.
No entanto, sem uma abordagem abrangente, o uso de novas tecnologias em regiões e locais distantes coloca as operações de varejo em risco de alcançar soluções complexas e isoladas, o que acabaria aumentando o custo de gerenciamento da infraestrutura de TI. De acordo com estimativas do Gartner, 75% da computação de dados será executada fora dos data centers em apenas três anos. Por isso precisamos estar preparados.
Simplificar as soluções de borda para o varejo a fim de melhorar a experiência do cliente nas lojas deve ser o foco dos investimentos de tecnologia das empresas do setor. Hoje, já existem no mercado soluções para consolidar os aplicativos e a infraestrutura de borda para varejo em uma única unidade de infraestrutura, que garante processos eficientes de implantação, gerenciamento e suporte.
O uso de IA ajuda os varejistas a usar dados em tempo real para melhorar as experiências de compras na loja. Isso permitirá que eles otimizem a disposição de produtos, evitem perda de mercadorias, rastreiem estoque, ajudem os clientes a evitar longas filas de caixa e direcionem os funcionários para os locais das lojas onde são mais requisitados.
Em suma, é importante simplificar para crescer, pois o tempo é curto. As empresas devem ter em seus radares as tecnologias de borda que facilitam o gerenciamento e o dimensionamento de infraestruturas de TI dos data centers para a borda. Além disso, nunca desconsiderar o uso de dispositivos com IA/ML, tanto digitais como em lojas físicas, para oferecer uma melhor experiência aos seus consumidores.