A desoneração, o desemprego e a automação

Pois é, esse título parece uma sequência lógica, por isso uma discussão muito polêmica, que merece muita atenção. Por exemplo: Até onde pega o discurso de que o benefício da desoneração em muitos setores não foi aproveitada/não gerou os empregos planejados. Pense em dois setores extremamente estratégicos que entraram na mira do governo: a área de BPO e call center. Os dois setores já começaram a se mobilizar e mostrar números. 
O que pode ser mais afetado é o de call center que, só os prestadores de serviços, empregam cerca de 440 mil pessoas. Além de estarem sendo apertados pelos tomadores de serviços, principalmente pelo desespero de redução de custos, e apertados por margens mínimas, tem que assumir um aumento em folha de 17%. Quer mais um adicional: pessoal representa um custo de 70% do negócio. 
Ainda não falamos ser tratar de uma das principais atividades hoje no país de atração para o primeiro emprego (onde se forma cidadãos) e da terceira idade. Como o governo, empresário também faz conta e, sem muita saída, uma das alternativas pode ser a atividade acelerar ainda mais a automação do atendimento. O impacto vai ser terrível, pois seria a redução em curto prazo das vagas atuais (sem substituições) e, a longo prazo, maior ainda, acabando com novas vagas. 
Vamos fazer contas juntos. A automação da primeira cobrança de uma grande operadora de telefonia vai reduzir seu quadro de 4 mil para 800 operadores em três anos.  Imagine as quatro grandes operadoras seguindo o mesmo caminho? Pode demorar muito? Então veja outro exemplo: um grande e-commerce fez uma ação automatizada de televendas durante a black friday. Sabe qual o resultado? 70 mil vendas concretizadas apenas por máquinas em um dia !!!
Então, talvez o custo fique mais caro, pois as ameaças são reais.
Eu queria parar por aqui, mas não resisti, pois lembrei do exemplo da indústria automobilística quando começou o processo de automação da linha produtiva lá pela década de 80 !!! O ABC se esvaziou.

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