A Internet of Things (IoT) ou Internet das Coisas já começa
a despontar como uma força disruptiva muito forte. As previsões são de vários
bilhões de dispositivos conectados. Já vemos exemplos em todos os cantos. Coisas
como os veículos autônomos, como os do Google e os belíssimos automóveis
elétricos da Tesla são redes de computadores e algoritmos sofisticados sobre
rodas. Vemos seu uso no dia a dia com Fitbit e Apple Watch e os potenciais usos
em quase todos os setores, como transporte, saúde e manufatura, esta última,
por exemplo, com manutenção preditiva. Em
todos os usos está claro que o potencial da IoT é a utilização em conjunto do
dispositivo acrescido das tecnologias de mobilidade, Big Data Analytics, cloud
e as plataformas sociais. O dispositivo isolado tem valor limitado. É apenas um
gadget. Mas, um setor tem passado desapercebido em seu potencial. A IoT tem o
poder de transformar drasticamente o e-commerce! Qualquer objeto conectado pode,
em princípio, se tornar um canal de acesso para aquisição de algum bem ou
serviço. O e-commerce passa a ter mais um canal de comunicação, além dos
websites e apps.
Se analisarmos a evolução do e-commerce vemos uma contínua
evolução no sentido de tornar-se cada vez mais flexível, self-service e
onipresente. Em consequência, a redução do atrito ou desgaste na interação entre
o consumidor e o vendedor vai tendendo a zero. Olhemos os websites. Eles são
muito mais cômodos para se usar que o deslocamento a uma loja física, mas você
tem que estar conectado a um desktop ou laptop. Para usar um desktop você tem
que se dirigir a ele. O laptop também nos obriga a parar para usá-lo. Surgem os
smartphones e os apps: intuitivos, fáceis de usar e que podem ser utilizados
até mesmo caminhando na rua. Ou seja, o impulso da compra pode ser satisfeito
no ato, sem esperar ter acesso a um computador. Ele já está no seu bolso.
Este ano o uso dos conceitos de “buy button” e “one touch
payment” começaram a decolar nos EUA. O artigo da Venturebeat, “How
the buy button defined mobile payments in 2015“, mostra claramente este
fenômeno. Um exemplo fascinante é o “Pinterest buyable button”
(https://business.pinterest.com/en/buyable-pins). Em novembro de 2015 Pinterest
já registrava mais de 60 milhões de “buyable pins” nos EUA.
Mas, além do smartphones, algumas outras iniciativas
pioneiras de uso de IoT para e-commerce já começam a aparecer aqui e ali,
sinalizando o seu imenso potencial. Vamos olhar alguns exemplos interessantes
de como a IoT pode tornar o ato de compra praticamente invisível, sem atritos. Começamos
com o botão Dash
da Amazon disponível apenas nos EUA, é uma maneira de praticamente, sem esforço
repor, por exemplo, o estoque de sabão em pó de sua lavadora automática. Um
passo além é o Echo
onde você pode interagir com o assistente pessoal da Amazon e numa conversa
informal, fazer um pedido de compra. Também ainda limitado aos EUA, e como o
Dash, são ainda experimentações. Ambos tem um bom caminho a percorrer, mas com o
avanço exponencial da tecnologia, o que se pensa, pelo nosso modo de pensar
linearmente, que só estará pronto apenas em dez anos, estará em apenas dois.
E outra experiência que vale a pena conhecer é da Tesco com
a tecnologia Powatag.
Recomendo também ver a iniciativa da rede francesa Comptoir des Cotonniers em
Paris, “Comptoir
des Cotonniers opens 10,000 ’boutiques’ across France as it turns adverts and
bus stops into virtual shops“. Sugiro
adicionalmente estudar o uso do Powatag na Dinamarca, em parceria com a
JCDecaux, usando outdoors e cartazes em ônibus para facilitar compras. Viu um
anúncio? Gostou? Só apontar o smartphone e voilá, comprou! Aliás, a Dinamarca
está caminhando rapidamente para ser um país onde não haverá necessidade de uso
de numerário, pelo menos no varejo: “Denmark
Aiming to Go Cashless by 2016.
Além disso, os assistentes pessoais estarão cada vez mais presentes
no nosso dia a dia, pelo menos nos EUA…. Vale a pena ler o artigo da
Economist, “The
software secretaries. Eles estão cada vez mais se integrando
ao e-commerce e avançando mais um passo em direção a um cenário onde o mundo
virtual e o físico estão se mesclando.
A oportunidade de juntar IoT ao e-commerce, através de
diversas tecnologias está batendo às portas. Já sabemos que embarcar software em
um carro, relógio, termostato, turbina, locomotiva, geladeira ou qualquer outro
objeto nos abre oportunidades de agregar valor muito maior que o do próprio
objeto em si, transformando-os em meios de ofertas de serviços. De produto
final passam a ser plataformas intermediárias para serviços. Com a inserção do
e-commerce no processo, abre-se um novo e imenso ambiente de oportunidades de
geração de valor. A geladeira pode repor o estoque automaticamente e o cliente
em uma simples “conversa informal” com um assistente pessoal faz o pedido de
compra em um supermercado para preencher o ingrediente que falta no jantar que
está planejando fazer. E apertando um simples botão, encomenda-se mais sabão em
pó. O comércio das coisas ou Commerce of Things começa a despontar. O varejo americano
e europeu já discute o assunto, como mostra o artigo da Internet Retailer “The
Internet of Things foreshadows Commerce of Things“. É uma oportunidade que
não pode e nem deve ser ignorada aqui no Brasil.