No último dia 25 de novembro, durante o VII Encontro com Presidentes da Revista CLIENTE S.A. tive a satisfação de, mais uma vez, acompanhar uma palestra do eterno presidente Ozires Silva.
“Crise é para os outros. Para nós, essa é uma grande oportunidade!”
Essa foi uma de suas afirmações durante o evento. Ozires é um daqueles brasileiros que nos enche de orgulho. E de esperança! A sua postura é inspiradora para qualquer pessoa que tenha alguma dúvida em relação ao futuro de nosso país.
É absolutamente incrível como ele consegue transmitir uma energia tão positiva apenas com a sua presença. Sempre com uma opinião transparente, exalando atitude por todos os poros. Fala com propriedade sobre vários assuntos, polêmicos ou não.
Ozires dispensa apresentações, mas vale a pena sempre relembrar a trajetória de um dos maiores executivos do país. Como ele mesmo contou, era um menino de família simples, nascido e criado em Baurú, no interior de São Paulo. Quando olhava para o céu, se perguntava: “por que todos os aviões são estrangeiros?”
Sem imaginar que se tornaria uma figura tão importante para a aviação brasileira, ingressou na Força Aérea Brasileira e fez engenharia no ITA. Trabalhou no Centro Aeroespacial e assumiu o Departamento de Aeronaves que, durante a sua gestão, iniciou o projeto do avião Bandeirante. Mestre em Ciências Aeronáuticas pela CalTech na California (EUA), participou da criação da EMBRAER, empresa que presidiu desde a sua criação, em 1970, até meados de 1986. Retornou em 1992 para conduzir o processo de privatização da empresa, no final de 1994.
“A minha estratégia de convencimento do governo para privatizar a EMBRAER contava com o apoio de uma comunidade de funcionários. Conseguimos mais de 1 milhão de assinaturas a favor, levamos ao congresso nacional, e depois ao presidente. Foi um processo longo e desgastante, mas valeu a pena”, contou Ozires durante sua palestra.
Para quem não sabe, a EMBRAER é hoje a terceira maior fabricante de aviões comerciais do mundo. Por isso, Mario Marchetti, do WTC Clube de Negócios, e que coordenava o painel, fez uma brincadeira: “se Santos Dumont é o pai da aviação, com certeza Ozires Silva é a mãe.”
Mas Ozires fez muito mais pelo Brasil. Foi presidente da PETROBRAS e da VARIG, e Ministro da Infra-Estrutura em 1990. E continua fazendo, já que hoje preside vários conselhos administrativos, como WTC, Odontoprev, a empresa de biotecnologia PeleNova (sua “menina dos olhos”), entre várias outras.
No que diz respeito ao CLUBE DO LIVRO, criticou o nosso principal livro – a Constituição Brasileira, que limita o poder do povo. “Já no início do texto, encontramos que todo poder emana do povo, exercido pelos seus representantes eleitos nos termos desta constituição. Isso é um absurdo. O cidadão brasileiro é que deveria ser o verdadeiro dono deste país”, comentou indignado.
Ele contou ainda que em 1998, a pedido do Governo Chinês, Peter Drucker formou um Conselho de Desenvolvimento da China, com um representante de cada continente. E convidou Ozires Silva para fazer parte deste grupo seleto de intelectuais. Com certeza, ele deu a sua contribuição para a explosão da economia chinesa no mercado mundial.
Como se não bastasse, ele ainda escreveu vários livros. Eu vou destacar “A Decolagem de um Sonho – A históra da criação da Embraer“, que li a terceira edição de 2002, com prefácio de Delfim Neto. No início do ano, este livro ganhou uma nova edição reformulada com o nome “A Decolagem de um Grande Sonho“.
Recomendo também “Cartas a um Jovem Empreendedor: Realize seu Sonho. Vale a Pena“, um livro que fala sobre inovação, criatividade, trabalho em equipe, organização e a necessidade de buscar a eficiência máxima com o menor custo possível. Recentemente, Ozires lançou “Nas Asas da Educação – a trajetória da Embraer“, o qual ainda não tive a oportunidade de ler, mas que está na minha lista.
Afinal, ele consegue combinar, com muito equilíbrio, a sua veia de empreendedor com a visão empresarial dos grandes executivos. Um habilidade raríssima no mercado mundial. Por isso, Ozires Silva acredita que a educação é o grande diferencial de um povo. E nos deixou um dever de casa: o último artigo do mestre Peter Drucker, “As árvores não crescem até o céu.”
Vale a pena conferir a dica de um grande mestre.
Um abraço,
Marco Barcellos