Quantas vezes em casa ou na empresa temos que participar de situações com as quais não concordamos, mas que precisam ser cumpridas para o bem de todos?
Em nosso país, ao longo da história, verificamos que muitas mudanças de comportamento foram estimuladas inicialmente por aspectos punitivos, que desagradaram, mas que foram inegavelmente eficazes.
Lembra-se de quando, por exemplo, tornou-se obrigatório o uso do cinto de segurança, com o objetivo de reduzir o número de vítimas em acidentes? A adesão em massa só ocorreu quando as multas começaram a ser aplicadas. Antes disso, somente alguns poucos cidadãos conscientes adotaram a medida.
Em compensação, quando a mudança é um benefício, é rapidamente praticada. Veja o caso dos cidadãos da terceira idade no usufruto do transporte público gratuito ou, então, a corrida dos estudantes pelas carteirinhas que dão descontos em atividades culturais.
As situações citadas tratam de questões públicas, entretanto, tudo acontece da mesma forma nas empresas. Quando se pretende promover uma mudança, há dois caminhos para fazê-la acontecer:
1) Demandar tempo e recursos com ações repetidas de treinamento e comunicação para despertar a consciência dos funcionários sobre a importância da mudança, e fazê-lo agir conforme o esperado;
2) Definir mecanismos de controle para acompanhar e atuar sobre os desvios, com medidas que sirvam de exemplo e inibam os comportamentos indesejados.
Qual é o caminho que todos desejam? Claramente é a primeira opção, mas na prática, o que geralmente temos é uma fusão dos dois itens. Faz-se ações de treinamento e comunicação e, após um certo período de assimilação, estabelecem-se as sanções, de modo a garantir que a mudança realmente ocorrerá.
O uso de uma ou outra estratégia sempre gera muita discussão, mas estamos em um país onde o espírito de cidadania e a educação precisam avançar. Veja os jovens que fingem dormir nos bancos dos transportes coletivos destinados aos idosos para não dar o lugar a quem de direito, pessoas que pedem esmolas em cadeiras de roda sem serem deficientes, políticos que se elegem para prestar serviços a si mesmo em vez de servir a população, emissoras de TVs que manipulam matérias e mudam o teor da comunicação para ganhar pontos de audiência, profissionais que fraudam relatórios para não terem que resolver problemas para os quais foi contratado, e assim por diante.
Quando se faz uma análise deste quadro, infelizmente, parte das empresas acaba optando pelo caminho mais simples e geralmente mais rápido: o de disciplinar pelo receio da punição.
Um dia mudaremos isso!