Logo após a queda das Torres Gêmeas pelo atentado da Al-Qaeda, o mundo virou seus olhos para a Ásia, em especial para o Afeganistão. Em 2001, a jornalista norueguesa estava realizando a cobertura da ofensiva dos EUA contra o regime Talibã, que acabou sendo destituído do poder no ano seguinte.
No final de 2001, por obra do acaso, Asne entrou em uma livraria na cidade de Cabul. Foi uma enorme surpresa para ela ter descoberto uma livraria abarrotada de livros sobre a cultura afegã e a figura do livreiro – Shah Mohammed Rais, o personagem principal do livro, onde leva o nome fictício de Sultan Khan.
Apesar do cenário impregnado com as marcas de uma guerra violenta, Asne conseguiu autorização para morar como hóspede com a família local, compartilhando seu dia-a-dia com olhos atentos e um bloco de anotações na mão. A obra faz um registro dos três meses durante os quais Asne morou com a família afegã. O resultado é uma crítica contundente à opressão feminina naquela casa, e nas sociedades islâmicas em geral.
Para poder circular por Cabul com segurança, a autora se submeteu ao incômodo uso da burca, descrito em detalhes no livro. Asne conviveu com um ambiente desumano, com meninas impedidas de ir à escola para estudar ou trabalhar, além de histórias tristes como a exploração sexual das viúvas e o assassinato de uma adúltera, sufocada por um travesseiro pelos irmãos e sob as ordens da própria mãe.
Um cotidiano familiar recheado de histórias incríveis de opressão, submissão e morte. O próprio Shah Mohammed Rais, revelou-se um tirânico chefe de família e nos negócios, apesar de suas elevadas ambições culturais.
Com uma narrativa em tom literário, “O Livreiro de Cabul“ foi lançado em 2006, vendeu milhões de cópias em mais de vinte países e permaneceu por várias semanas em listas de livros mais vendidos no Brasil e no mundo.
Nascida em 1970, a jornalista norueguese Asne Seierstad é graduada em História da Filosofia em Oslo e atuou como correspondente internacional em áreas de guerra e grandes conflitos, como Kosowo, Afeganistão e Iraque.
“O Livreiro de Cabul”
Asne Seierstad
Editora Record – 2006 (320 páginas)