(reproduzido de AdNews – depois, eu comento)
Cassy Hayes e Jasmine Coleman estavam entre os primeiros fãs a chegar ao Centro Médico Ronald Reagan da Universidade da Califórnia em Los Angeles, aonde Michael Jackson foi levado e posteriormente declarado morto. Como Hayes, 25, e Coleman, 21, souberam da notícia tão rápido? Pelo Twitter. As duas jovens souberam do estado de saúde de Jackson da mesma forma que tantas outras pessoas recebem notícias hoje em dia: lendo as informações produzidas em tempo real do serviço de microblog.
A morte inesperada de Jackson aos 50 anos foi apenas a última das notícias importantes em que o Twitter teve um papel central. Mas com a mesma rapidez que o Twitter surgiu como fonte de notícias, também sua suscetibilidade a falsos boatos se tornou aparente. A extraordinária cobertura que a grande mídia tem dedicado ao Twitter levou alguns a pensar que a imprensa estivesse apaixonada pelo serviço de microblog de três anos. Mas é um amor ciumento.
Os registros constantemente atualizados do Twitter, com respostas de minuto em minuto, possuem alguns exemplos que ameaçaram usurpar a cobertura jornalística de última hora. O serviço também ajudou muitas celebridades, atletas e políticos a contornarem a mídia ao enviarem suas mensagens diretamente a seu público.
Mas não se engane, o Twitter tem sido, de muitas maneiras, uma dádiva para a mídia. Ele é mais uma maneira pela qual uma história pode ser transmitida e é, discutivelmente, a melhor forma de um canal de mídia se aproximar mais de sua audiência. A maioria dos canais de mídia agora possui a presença do Twitter com um feed que leva os leitores a seus respectivos sites.
Mas mesmo em um mundo da internet que há anos encurta a distância entre mídia e consumidor, o Twitter é um golpe de democratização do jornalismo.
Até hoje, o exemplo mais evidente e poderoso da influência do Twitter foram os manifestantes iranianos que usaram o serviço (entre outros métodos) para organizar marchas contra o que consideravam ter sido uma eleição injusta.
No início dos protestos, o Departamento de Estado americano chegou a pedir que o Twitter adiasse a manutenção que tiraria o serviço do ar temporariamente. O bloqueio do Twitter por governos é difícil, porque os tweets – com 140 caracteres ou menos – podem ser carregados em telefones celulares como se fossem uma mensagem de texto. (O governo iraniano, no entanto, teve várias vezes êxito ao bloquear o Twitter, Facebook e outras redes sociais.)
Além disso, muitos americanos ficaram irritados com o que consideraram uma cobertura pequena, por parte da CNN, da revolução no Irã e manifestaram suas reclamações (onde mais?) no Twitter. Alguns disseram preferir as notícias do Twitter às do noticiário da rede de TV a cabo.
O Twitter também produziu testemunhos oculares dos ataques terroristas de Mumbai no ano passado. E quando o jato da US Airways caiu no rio Hudson em Nova York, o Twitter esteve entre os primeiros lugares nos quais links com as fotos da queda foram colocados.
Muitos usuários se acostumaram a clicar no Twitter ao saberem de uma notícia de última hora. Lá, eles podem encontrar um mar de reações, comentários e links para artigos. O popular blog de tecnologia TechCrunch recentemente questionou se o Twitter era “a CNN da nova geração da mídia.”
“O Twitter muda absolutamente o panorama da mídia”, disse Ross Dawson, autor e analista de estratégia de comunicação. “Gosto de citar a descrição de Marshall McLuhan sobre a mídia como ´uma extensão de nossos sentidos´. Agora, o Twitter está estendendo nossos sentidos para dezenas de milhares de pessoas que se encontram muitas vezes exatamente no local em que as coisas acontecem.”
Ashton Kutcher, um dos mais populares usuários do Twitter, evocou em um vídeo na web a retórica de um revolucionário: “Nós podemos e iremos criar nossa mídia.” Kutcher, que se negou a ser entrevistado, vê o Twitter como uma forma de colocar o poder da mídia nas mãos de pessoas comuns e – ao que tudo indica – estrelas de cinema comuns.
Mas o humorista Michael Ian Black, figura popular no Twitter, observa que embora o Twitter permita que alguém “se comunique muito diretamente com as pessoas”, ele também permite que você as mantenha a uma distância controlada.
Não existem questionamentos no Twitter quando o usuário escolhe não escutá-los. Quando os tweets substituem uma entrevista ou uma coletiva de imprensa, algo é perdido. O Twitter – cuja concisão é capaz de apagar impecavelmente os detalhes confusos – pode, portanto, ser usado para controlar as mensagens e a imagem das pessoas.
O ciclista Lance Armstrong, por exemplo, fez com que algumas organizações de notícias se questionassem sobre sua abordagem ao Twitter. Armstrong, que se encontra no meio de apostas sobre seu retorno, frequentemente trata o Twitter como sua fonte primária para comunicar notícias.
Em maio, durante o Tour da Itália, o desvio midiático de Armstrong fez com que algumas organizações de notícias boicotassem os tweets do atleta. A VeloNews.com, website de uma revista de ciclismo de competição, evita usar o Twitter para estabelecer fatos sem fonte independente.
“É unilateral”, disse o editor da VeloNews.com, Steve Frothingham, que é ex-repórter da Associated Press. “Somos apenas nós sentados, recebendo o que ele nos fornece. Não podemos simplesmente fazer perguntas de averiguação, não podemos fazer pergunta nenhuma.”
Frothingham também observa o constrangimento que a distribuição da notícia causa. Os seguidores de Armstrong (mais de 1,1 milhão) superam o número de leitores da VeloNews.com. Quando Armstrong anunciou o nascimento de seu filho no início de junho por meio do Twitter, ele também, na verdade, passou na frente das mídias sobre ciclismo e dos tablóides.
Mas a questão da veracidade continua sendo o maior problema: tais despachos diretos e quase instantâneos são muito menos confiáveis do que o jornalismo tradicional. As notícias que circulam no Twitter, repassadas de pessoa a pessoa, podem se espalhar rapidamente – muitas vezes, rápido demais para serem verificadas. Boatos falsos se espalham diariamente no Twitter.
Nos dias que se seguiram à morte de Michael Jackson, relatos falsos tiveram que ser muitas vezes desmentidos por organizações de notícias que checam os fatos. Dawson observa que canais de mídia tradicionais ainda detêm praticamente um monopólio sobre a credibilidade.
Declarações errôneas sobre mortes de celebridades têm sido uma tendência. Patrick Swayze, que luta contra um câncer de pâncreas, recentemente teve que se manifestar, afirmando ainda estar vivo após milhares de usuários do Twitter terem espalhado notícias de que ele havia morrido.
Jeff Goldblum teve que fazer o mesmo. Na segunda-feira, ele apareceu no programa The Colbert Report do canal Comedy Central para confirmar que seu sangue continuava quente. O apresentador, Stephen Colbert, se recusou a acreditar, preferindo confiar nas notícias aleatórias do Twitter. No final, Goldblum também acabou se convencendo e fez um discurso fúnebre sobre si mesmo.
A morte inesperada de Jackson aos 50 anos foi apenas a última das notícias importantes em que o Twitter teve um papel central. Mas com a mesma rapidez que o Twitter surgiu como fonte de notícias, também sua suscetibilidade a falsos boatos se tornou aparente. A extraordinária cobertura que a grande mídia tem dedicado ao Twitter levou alguns a pensar que a imprensa estivesse apaixonada pelo serviço de microblog de três anos. Mas é um amor ciumento.
Os registros constantemente atualizados do Twitter, com respostas de minuto em minuto, possuem alguns exemplos que ameaçaram usurpar a cobertura jornalística de última hora. O serviço também ajudou muitas celebridades, atletas e políticos a contornarem a mídia ao enviarem suas mensagens diretamente a seu público.
Mas não se engane, o Twitter tem sido, de muitas maneiras, uma dádiva para a mídia. Ele é mais uma maneira pela qual uma história pode ser transmitida e é, discutivelmente, a melhor forma de um canal de mídia se aproximar mais de sua audiência. A maioria dos canais de mídia agora possui a presença do Twitter com um feed que leva os leitores a seus respectivos sites.
Mas mesmo em um mundo da internet que há anos encurta a distância entre mídia e consumidor, o Twitter é um golpe de democratização do jornalismo.
Até hoje, o exemplo mais evidente e poderoso da influência do Twitter foram os manifestantes iranianos que usaram o serviço (entre outros métodos) para organizar marchas contra o que consideravam ter sido uma eleição injusta.
No início dos protestos, o Departamento de Estado americano chegou a pedir que o Twitter adiasse a manutenção que tiraria o serviço do ar temporariamente. O bloqueio do Twitter por governos é difícil, porque os tweets – com 140 caracteres ou menos – podem ser carregados em telefones celulares como se fossem uma mensagem de texto. (O governo iraniano, no entanto, teve várias vezes êxito ao bloquear o Twitter, Facebook e outras redes sociais.)
Além disso, muitos americanos ficaram irritados com o que consideraram uma cobertura pequena, por parte da CNN, da revolução no Irã e manifestaram suas reclamações (onde mais?) no Twitter. Alguns disseram preferir as notícias do Twitter às do noticiário da rede de TV a cabo.
O Twitter também produziu testemunhos oculares dos ataques terroristas de Mumbai no ano passado. E quando o jato da US Airways caiu no rio Hudson em Nova York, o Twitter esteve entre os primeiros lugares nos quais links com as fotos da queda foram colocados.
Muitos usuários se acostumaram a clicar no Twitter ao saberem de uma notícia de última hora. Lá, eles podem encontrar um mar de reações, comentários e links para artigos. O popular blog de tecnologia TechCrunch recentemente questionou se o Twitter era “a CNN da nova geração da mídia.”
“O Twitter muda absolutamente o panorama da mídia”, disse Ross Dawson, autor e analista de estratégia de comunicação. “Gosto de citar a descrição de Marshall McLuhan sobre a mídia como ´uma extensão de nossos sentidos´. Agora, o Twitter está estendendo nossos sentidos para dezenas de milhares de pessoas que se encontram muitas vezes exatamente no local em que as coisas acontecem.”
Ashton Kutcher, um dos mais populares usuários do Twitter, evocou em um vídeo na web a retórica de um revolucionário: “Nós podemos e iremos criar nossa mídia.” Kutcher, que se negou a ser entrevistado, vê o Twitter como uma forma de colocar o poder da mídia nas mãos de pessoas comuns e – ao que tudo indica – estrelas de cinema comuns.
Mas o humorista Michael Ian Black, figura popular no Twitter, observa que embora o Twitter permita que alguém “se comunique muito diretamente com as pessoas”, ele também permite que você as mantenha a uma distância controlada.
Não existem questionamentos no Twitter quando o usuário escolhe não escutá-los. Quando os tweets substituem uma entrevista ou uma coletiva de imprensa, algo é perdido. O Twitter – cuja concisão é capaz de apagar impecavelmente os detalhes confusos – pode, portanto, ser usado para controlar as mensagens e a imagem das pessoas.
O ciclista Lance Armstrong, por exemplo, fez com que algumas organizações de notícias se questionassem sobre sua abordagem ao Twitter. Armstrong, que se encontra no meio de apostas sobre seu retorno, frequentemente trata o Twitter como sua fonte primária para comunicar notícias.
Em maio, durante o Tour da Itália, o desvio midiático de Armstrong fez com que algumas organizações de notícias boicotassem os tweets do atleta. A VeloNews.com, website de uma revista de ciclismo de competição, evita usar o Twitter para estabelecer fatos sem fonte independente.
“É unilateral”, disse o editor da VeloNews.com, Steve Frothingham, que é ex-repórter da Associated Press. “Somos apenas nós sentados, recebendo o que ele nos fornece. Não podemos simplesmente fazer perguntas de averiguação, não podemos fazer pergunta nenhuma.”
Frothingham também observa o constrangimento que a distribuição da notícia causa. Os seguidores de Armstrong (mais de 1,1 milhão) superam o número de leitores da VeloNews.com. Quando Armstrong anunciou o nascimento de seu filho no início de junho por meio do Twitter, ele também, na verdade, passou na frente das mídias sobre ciclismo e dos tablóides.
Mas a questão da veracidade continua sendo o maior problema: tais despachos diretos e quase instantâneos são muito menos confiáveis do que o jornalismo tradicional. As notícias que circulam no Twitter, repassadas de pessoa a pessoa, podem se espalhar rapidamente – muitas vezes, rápido demais para serem verificadas. Boatos falsos se espalham diariamente no Twitter.
Nos dias que se seguiram à morte de Michael Jackson, relatos falsos tiveram que ser muitas vezes desmentidos por organizações de notícias que checam os fatos. Dawson observa que canais de mídia tradicionais ainda detêm praticamente um monopólio sobre a credibilidade.
Declarações errôneas sobre mortes de celebridades têm sido uma tendência. Patrick Swayze, que luta contra um câncer de pâncreas, recentemente teve que se manifestar, afirmando ainda estar vivo após milhares de usuários do Twitter terem espalhado notícias de que ele havia morrido.
Jeff Goldblum teve que fazer o mesmo. Na segunda-feira, ele apareceu no programa The Colbert Report do canal Comedy Central para confirmar que seu sangue continuava quente. O apresentador, Stephen Colbert, se recusou a acreditar, preferindo confiar nas notícias aleatórias do Twitter. No final, Goldblum também acabou se convencendo e fez um discurso fúnebre sobre si mesmo.
Por Jake Coyle – AP
Tradução: Amy Traduções