A criação da Nova PontoCom, empresa de comércio eletrônico formada nesta sexta-feira (4/12) a partir da fusão de Pão de Açúcar e Casas Bahia, suscita algumas reflexões sobre o futuro do comércio eletrônico, que deve fechar 2009 com um faturamento de 10,5 bilhões de reais no Brasil, uma expansão de 28% sobre os 8,2 bilhões de reais de 2008.
Por se tratar da união de dois pesos pesados da varejo tradicional, a nova companhia na internet representa um risco à competição no varejo eletrônico? Como fica a correlação de forças na web a partir de agora? O consumidor pode ser afetado, em função de possíveis aumentos de preços dos produtos?
Consultores especializados em comércio eletrônico ouvidos pelo IDG Now! não acreditam que o negócio seja desfavorável ao consumidor ou ao mercado.
Mais lojistas
O sócio da consultoria especializada em comércio eletrônico GMattos, Gastão Mattos, afirma que, embora tenha presenciado algumas fusões nos últimos meses, o setor de comércio eletrônico passa por um momento de ampliação no número de lojas virtuais, principalmente em razão da chegada pequenos e médios lojistas virtuais.
Essa realidade minimiza a concentração percebida no topo da pirâmide do mercado.
“Existe uma tendência de diminuição da participação dos dez maiores varejistas online no faturamento do setor. Isso se deve à entrada de uma série de pequenos e médios lojistas na web”, afirma Mattos. Hoje, os dez maiores da área representam cerca de 80%do comércio eletrônico no País, porcentagem que tende a cair.
“Deve chegar a 70% em uns dois anos”, estima Mattos, que é ex-presidente da camara-e-net, entidade que representa o setor.
Varejistas regionais
O diretor-geral da empresa especializada em comércio eletrônico e-bit, Pedro Guasti, tem avaliação semelhante. “A quantidade de novas empresas na área cresce continuamente.
Agora, por exemplo, percebemos um forte movimento de pequenos e médios varejistas da economia real rumo ao comércio eletrônico”, diz.
Ele diz que não dispõe de dados sobre o número de novos competidores que ingressam no mercado a cada ano, mas cita como termômetro a base de lojas virtuais conveniadas à e-bit.”Há dois anos eram mil lojas. Hoje, são 2,1 mil”, afirma.
Repercussão
A reportagem procurou empresas que se relacionam de alguma forma com o setor de varejo para repercutir a notícia da fusão entre Pão de Açúcar e Casas Bahia.
A Magazine Luiza, concorrente no varejo tradicional e no online, preferiu não se pronunciar.
A mesma posição foi adotada pela fabricante de computadores Positivo Informática – a companhia vende equipamentos para as duas varejistas que acabam de se unir – e pela Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abine). Ambas alegam ser muito cedo para qualquer avaliação sobre o assunto.