Autor convidado: Ale Lima, Regional Director da Genero
Necessidades de negócios viram briefings todos os dias. É o banco que precisa vender mais cartão. É a Telco que precisa contar para os jovens que um plano novo é tão flexível quanto a vida deles. É o Varejo que investe com criatividade em mais uma promoção, por exemplo. Cada briefing pede uma ideia com um insight genuíno e passa por um grupo de pessoas, normalmente pré-definido entre o cliente e a agência, até ganhar corpo e estar na mídia. Esse modelo, contudo, tem uma falha fundamental.
Não seria infinitamente mais poderoso usar dados e tecnologia para acessar uma base maior de talentos, ansiosos por demonstrar sua capacidade e a partir disso desbloquear uma resposta verdadeiramente criativa ao que a sua campanha pede? E se esse pool de talentos se estendesse por todos os cantos do planeta, em diversas comunidades e públicos, com experiências e capacidades especializadas e abrangentes?
Se olharmos para outras indústrias transformadas pela tecnologia, vemos alocações de recursos que superam em muito qualquer uma de nossas expectativas. Basta olhar para o Airbnb, uma plataforma que agregou com sucesso um inventário verdadeiramente global (oferta) e o colocou ao alcance do cliente (demanda). O mero fato de que esse negócio não apenas sobreviveu, mas prosperou durante essa difícil pandemia, é uma prova não apenas da marca, mas do modelo operacional sobre o qual eles construíram sua proposta.
A Covid-19 também está impulsionando uma mudança de longo prazo em todo o setor de marketing e publicidade, incluindo uma mudança para o trabalho independente fora das agências tradicionais. Antes da pandemia, já havia uma tendência para o modelo freelance de trabalho. Pesquisas da McKinsey mostram que 20% a 30% da população em idade ativa na Europa e nos Estados Unidos se dedica a alguma forma de trabalho independente, sendo 45% deles como sua principal fonte de renda. E o relatório da Upwork Freelancing e a economia em 2019 revelou que impressionantes 35% dos trabalhadores americanos eram freelancers em 2019, com 50% deles vendo isso como uma escolha de carreira de longo prazo.
Uma pesquisa que fizemos aqui , recentemente, entrevistou mais de 400 criativos (diretores criativos, produtores, diretores, empresas de produção, etc.) de 61 países para entender o impacto da Covid em toda a indústria sobre a receita, os custos e as formas de trabalho. Cerca de 72% dos entrevistados tiveram que mudar sua forma de trabalhar por causa da pandemia. Além disso, 82% dos entrevistados preferem trabalhar como freelancers agora ou como parte de um negócio criativo independente, ao invés de trabalhar em um emprego em tempo integral.
O otimista que há em mim acredita que para cada pergunta há uma resposta (em algum lugar), mas o meu lado realista continua a observar velhas maneiras de trabalhar em tantos setores… A tendência é que o uso da tecnologia para expandir o leque de profissionais capacitados para um projeto e obter resultados cada vez mais impactantes e de qualidade maior. E você? Já está pronto para essa realidade?