Rotinas historicamente mais desgastantes por parte do público feminino exigem das empresas soluções que contemplem a vida dentro e fora do escritório; veja dicas para implementar flexibilidade aos modelos de trabalho da sua iniciativa
Dados coletados no último trimestre do ano passado revelam que as trabalhadoras brasileiras, apesar de serem maioria na população nacional e possuírem maior nível de escolaridade, tiveram um rendimento médio real 20,8% menor que o dos homens em 2023. Além disso, a população feminina registrou uma taxa de desemprego de 9,2% no mesmo período, marca 3% superior à população masculina. Para completar o cenário, ainda conforme a PNAD, a taxa de participação feminina no mercado de trabalho permanece abaixo do período pré-pandemia.
Diante da persistente disparidade de gênero no mercado de trabalho, tanto nacional quanto internacional, é possível observar a busca de diversas empresas por mudanças em prol da atribuição de maior equidade em seu quadro profissional. Entre essas mudanças, está o compromisso com a implementação de flexibilidade aos modelos de trabalho, permitindo que as colaboradoras — que muitas vezes enfrentam jornadas duplas: no mercado e em casa — possam conciliar suas demandas e prioridades dentro e fora do escritório.
A flexibilidade, inclusive, é tema do levantamento da Organização Internacional do Trabalho (OIT) e da Gallup, que revela que mais de 72% das mulheres no Brasil preferem trabalhar em empregos remunerados em que é possível conciliar trabalho e responsabilidades familiares. Os dados apresentados delineiam a urgência de estratégias inovadoras para abordar questões de gênero nos ambientes corporativos. Neste cenário, temáticas como benefícios flexíveis surgem como ferramentas estratégicas para as iniciativas empresariais.
“Ao proporcionar flexibilidade em modelos de trabalho e oferta de benefícios, uma colaboradora que, por exemplo, desempenha múltiplos papeis, como trabalho, estudo e cuidados domésticos, pode acessar um pacote mais robusto de oportunidades e que contemple aspectos como auxílio transporte, benefícios educacionais e de lazer para ela e seus dependentes, bem como cuidados com a saúde. Essa abordagem personalizada reflete a diversidade de funções que muitas mulheres desempenham, promovendo um ambiente mais inclusivo e que, principalmente, observa e auxilia em todas as frentes de atuação”, exemplifica Matheus Rangel, CGO da Niky, startup de benefícios flexíveis.
Confira outras 05 estratégias para garantir que a sua empresa se torne um ambiente mais igualitário e que responda à demanda de flexibilidade apresentada pelas colaboradoras:
- Avalie e Revise Políticas e Práticas Internas:
- Faça uma revisão abrangente das políticas de recursos humanos para identificar possíveis disparidades de gênero, como diferenças salariais ou oportunidades desiguais de promoção.
- Implemente políticas que promovam a igualdade de gênero, como licença parental equitativa, flexibilidade no local de trabalho e medidas para prevenir o assédio sexual e a discriminação de gênero.
- Promova a Diversidade e a Representatividade:
- Garanta que haja diversidade de gênero em todos os níveis da empresa, desde a liderança até as equipes de base.
- Implemente programas de recrutamento que atraiam e retenham talentos femininos, como parcerias com organizações que apoiam mulheres na área profissional.
- Ofereça Oportunidades de Desenvolvimento Profissional:
- Proporcione treinamento e capacitação específicos para mulheres, incluindo programas de mentoria e coaching que as ajudem a avançar em suas carreiras.
- Estabeleça metas de desenvolvimento de liderança para mulheres e forneça oportunidades de crescimento e avanço na empresa.
- Crie um Ambiente de Trabalho Inclusivo:
- Promova uma cultura organizacional que valorize e respeite as contribuições de todas as pessoas, independentemente do gênero.
- Incentive a participação das mulheres em projetos importantes e comitês de liderança, garantindo que suas vozes sejam ouvidas e consideradas.
- Fomente a Transparência e a Prestação de Contas:
- Divulgue regularmente dados sobre a representação de gênero na empresa, incluindo estatísticas sobre diversidade de contratação, promoção e retenção.
- Esteja aberto ao feedback dos funcionários, especialmente das mulheres, e tome medidas concretas para abordar preocupações e áreas de melhoria identificadas.