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RESENHA: “CIRQUE DU SOLEIL – A Reinvenção do Espetáculo”, Lyn Heward & John U. Bacon

 

Para comemorar o Dia do Circo (27 de março), nada melhor do que escrever sobre um livro que conta a história de um dos circos mais famosos da atualidade: o Cirque Du Soleil. 

Imagine um livro encomendado por um executivo, uma ficção baseada em uma história com mais de vinte anos e que já rodou todo o planeta. Sem graça, certo? Errado! O livro “Cirque Du Soleil – A Reinvenção do Espetáculo” é uma obra prima, que só perde em qualidade para a lona branca do picadeiro real.

 

A ex-presidente de conteúdo criativo do Cirque, Lyn Heward teve uma idéia ousada ao conceber esse projeto. Ela foi o anjo da guarda  que acompanhou o jornalista e escritor John U. Bacon durante uma viagem dos sonhos de milhões de fãs do Cirque Du Soleil. Durante alguns meses, ele fez parte de um grupo criado em 1984 por artistas de rua. E que em pouco mais de 20 anos, já visitou 90 cidades pelo mundo afora e foi vista por mais de 40 milhões de espectadores. Vários destes “dariam a vida” por esses meses mágicos.

 

A história narra a viagem de autodescoberta de um homem comum – Frank Castle, um agente esportivo que havia perdido a paixão por sua profissão. Nosso personagem começa sua busca entediado, no meio de um congresso profissional em Las Vegas. Literalmente perdido, procurando algo que nem ele sabia o que era, resolveu seguir duas pessoas dentro de um Cassino e acabou invadindo um ensaio do Cirque Du Soleil. E o acaso fez a sua parte quando foi descoberto por Diane, que naquele momento trabalhava no do espetáculo KÀ. Embora curiosa com a presença de um estranho, e que não conhecia o Cirque, simpatizou com Frank e o convidou para o show daquela noite. A partir daí sua vida começaria a mudar.

  

Surpreso com a presença da anfitriã sentada ao seu lado durante o espetáculo, Frank ficou maravilhado com aquela noite inesquecível. Ao despedir-se, descobre que Diane McKee era nada menos do que a Presidente da Divisão de Conteúdo do Cirque Du Soleil. Ela o convida a visitá-la em Montreal. E ele volta para Chicago enfeitiçado.

 

Após algumas semanas, notou que aquela chama que se acendera em Las Vegas não apagaria. Esperou uma inspiração, que veio com uma cliente de sua agência. Acompanhar a ginasta universitária Cari, candidata a um teste no Cirque, seria uma ótima desculpa para uma viagem a Montreal. Ficou feliz ao reencontrar Diane que, após o início dos testes de Cari, o levou para conhecer um pouco mais da rotina do Cirque Du Soleil. E deixou em Frank um gostinho de “quero mais”…

 

Depois de um tempo de volta a Chicago, ele relembra a magia do Cirque e resolve mudar tudo na sua vida. Conversa com seu chefe e pede um mês sabático em Montreal. E segue ao encontro de Diane e sua trupe. Ela o recebe com uma atitude inédita, pois nunca abrira as portas do circo para alguém que nem sabia o que buscava. Prepara para ele um programa especial de treinamento intensivo, mas também com obrigações. Teria vários mentores e atividades nas diversas áreas do circo.

 

A partir deste ponto, entre exercícios físicos, trapézios e conversas com os mais variados personagens do Cirque, ele começa a ter contato com um novo jeito de pensar a vida. Descobre a magia de se arriscar, enfrenta seus medos e vive intensamente cada momento desta inesquecível experiência. E nós, leitores, aprendemos junto com Frank vários conceitos inspiradores. Temas como polinização cruzada, os olhos do público, trabalhar com o que você tem e a criação de comunidades são tão inovadores quanto fascinanets. E presentes em nosso dia a dia.

 

A apoteose de seu apredizado se dá na Cidade da Luz. Em sua primeira viagem como parte da trupe, ele acompanha a estréia do espetáculo Saltimbanco para o exigente público de Paris. Nesse ponto, a minha realidade se confunde com a ficção já que fui “apresentado” ao Cirque Du Soleil nesse show. Imagino o brilho nos olhos de Frank tão intensos quanto os meus há alguns anos atrás. Ou quanto aos de minha filha Clara, de de apenas 3 anos, na semana passada. Confesso que o artigo deste mês já estava pronto, mas fiquei novamente contagiado ao assistir o espetáculo “Alegria”. Assim como Frank, alterei meus planos em prol de uma intuição.

 

Como diz Guy Laliberté, fundador e CEO do Cirque Du Soleil, “de uma ínfima faísca acendeu-se uma grande fogueira, cujo calor aqueceu o mundo inteiro…” Essa é magia que move os personagens do livro e a multidão de artistas, técnicos, artesãos e funcionários do Cirque. O calor humano da trupe inflamada de paixão e criatividade que incendeia nossas emoções. Respeitável público, seja nas páginas ou no picadeiro, benvindos ao mundo mágico do Circo. 

 

 

“CIRQUE DU SOLEIL – A Reinvenção do Espetáculo”

Lyn Heward & John U. Bacon

Editora Campus/Elsevier – 2006 (132 páginas)

 

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