Agora é hora do que mesmo?

A elevação das taxas de juros tem gerado diversas dúvidas. Afinal, qual será o impacto? Os especialistas acreditam que as consequências não devem ser positivas, com o consumidor cada vez mais cauteloso no que diz respeito à contração de dívidas, além da diminuição da oferta de crédito por parte das concedentes. “Diante de consumidores mais preocupados em quitar suas dívidas, o aumento das taxas de juros das operações de crédito ao longo do tempo tende a desacelerar o crescimento do saldo de crédito, uma vez que os consumidores deverão comprometer uma parcela maior de sua renda para o posterior pagamento desse empréstimo”, comenta Flávio Calife, economista da Boa Vista Serviços SCPC.
Ele conta que as instituições financeiras têm optado pela concessão em linhas de crédito de maior segurança, como consignado e recursos direcionados. “Assim, o aumento das taxas de juros ao consumidor é principalmente um reflexo da pressão causada pelo aumento da Selic, mas também é influenciado pela maior cautela das instituições financeiras para compensar perdas diante de um aumento de inadimplência”, afirma.
De acordo com Luiz Rabi, economista da Serasa Experian, a inadimplência é tanto causa como reflexo desse cenário. “Existe certa causalidade reversa. Quando a taxa de juros aumenta, os bancos repassam isso em suas taxas de juros. Isso faz com que o custo financeiro de todas as dívidas fique mais caro e o aumento do custo financeiro, gera dificuldade de pagamento para o consumidor, que acaba inadimplente”, afirma. Além disso, segundo Rabi, isso deve resultar em um processo de crescimento menor, ou até mesmo queda na expansão do crédito. “Juros pra cima significa crédito para baixo. Se descontarmos a inflação, o crédito no país tem caído em termos reais. Nas operações de crédito de consumo, por exemplo, o relatório de maio mostrou que houve uma expansão para as pessoas físicas de 5,8% na comparação com maio do ano passado. Como a inflação está rodando a 6,5%, o crédito de consumo cresceu abaixo da inflação. Ou seja, crescimento real negativo”, ressalta.
Para Vasconcellos Valarino, professor de administração do Unisal, nesse cenário, o mais indicado para os consumidores é evitar a tomada de crédito. “O ideal é reduzir o consumo presente em prol de sua saúde financeira. Entretanto, os consumidores que aceitarem as elevadas taxas correm o risco de se tornarem inadimplentes caso o grau de atividade econômica se reduza ainda mais”, comenta.
MODALIDADES DE CRÉDITO EM ALTA
Sobre as modalidades de crédito com maior alteração nesse período, segundo Altamiro Carvalho, assessor econômico da FecomercioSP, está o cheque especial, seguido do crédito pessoal não consignado. “Nos últimos 12 meses terminados em maio, o Banco Central informa que o cheque especial foi a forma de empréstimo que mostrou o maior aumento de juros, passando de 136% ao ano em maio de 2013 para 169% ao ano em maio de 2014, com 32% de aumento. Em seguida, vem o crédito pessoal não consignado, que passou de 68% para 98% nesse mesmo período”, explica.
Aumento nas taxas de juros deve diminuir procura por crédito, segundo economista
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