Assim como outros setores, o crédito automobilístico tem sentido os efeitos da crise econômica enfrentada pelo país. E não é de hoje. Ele vem apresentando resultados negativos nos últimos anos. Para 2016, a perspectiva é de que a situação continue a mesma. O cenário pouco favorável, na visão de Miguel Ribeiro de Oliveira, economista da Anefac, é resultados de uma série de fatores. O primeiro é a diminuição da renda das famílias, que acontece graças ao aumento da inflação e dos impostos. Outro fator prejudicial é o aumento do desemprego, que torna o consumidor mais cauteloso e diminui a intenção de contrair dívidas. Já por parte das instituições financeiras, o especialista afirma que, por conta do maior risco de inadimplência, elas estão mais seletivas e, portanto, mais restritivas na concessão de crédito.
Além desse quadro, para Flávio Borges, gerente financeiro do SPC Brasil, a situação crítica que o mercado de crédito automobilístico enfrenta hoje pode ter como uma das causas a empolgação que setor viveu alguns anos atrás. “Os bancos emprestaram muito dinheiro para esse tipo de crédito ao longo dos últimos 10, 20 anos, contando muito com o próprio automóvel como garantia, sem levar em conta o perfil de quem estava contraindo a dívida e acontece que, com o arrefecimento do mercado, essas garantias passaram a valer menos e os bancos perceberam que o custo de execução estava elevado e não estava valendo a pena. Então, estamos vendo os bancos diminuírem suas carteiras”, pontua.
Porém, mesmo com todos os fatores que podem dificultar o desenvolvimento do setor, Borges não acredita em queda, mas, sim, em estabilidade, pois a queda já aconteceu e foi muito significativa. O executivo aponta que, no final de 2014, o mercado estava com cerca de R$ 8 bilhões investidos em crédito automobilístico, número que agora ronda a casa dos R$ bilhões, o que, Borges afirma ser pouco. Por isso, na opinião do executivo, em 2016 os números do crédito automobilístico devem permanecer neste patamar.
Para driblar a crise no setor um dos caminhos é ter incentivo por parte do governo. O coordenador do curso de ciências contábeis da Faculdade Santa Marcelina, Reginaldo Gonçalves conta que já existe uma medida sendo discutida no governo para voltar a aquecer esse mercado. “Está sendo alinhavada com o governo uma proposta para estimular as vendas de veículos, caminhões e motocicletas novas. O programa chama-se Sustentabilidade Veicular. Essa alternativa tem como objetivo retirar a frota mais antiga do mercado, que no caso de automóveis seria superior a 15 anos, e caminhões, com utilização superior a 30 anos, que seria utilizado como crédito na compra de um veículo ou caminhão novo. Estuda-se com o saldo ainda devido uma linha de financiamento com juros mais baixos com objetivo de estimular as vendas”, conta.
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