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Os impactos do endividamento



Engana-se quem pensa que a elevada taxa de inadimplência atinge somente a economia e o mercado. Os impactos podem estar muito mais perto do que as empresas imaginam. Um funcionário com muitas dívidas financeiras e com a preocupação de pagá-las, por exemplo, pode prejudicar o andamento dos resultados de uma organização. Essa colocação é compartilhada pelo professor de finanças da Faculdade IBS/FGV, Ewerson Moraes. “Já existe uma consciência de que funcionários em dificuldade financeira trazem prejuízos à produtividade, à qualidade do trabalho e até ao clima interno. Neste sentido, uma das iniciativas que cada vez mais vem ganhando relevância junto às empresas são as campanhas educativas”, observa. Segundo o professor, o objetivo dessa estratégia é estimular os funcionários a se conscientizarem de que saber administrar bem o orçamento doméstico significa, entre outras coisas, melhorar sua qualidade de vida. “Outra dica valiosíssima é o envolvimento da família para auxiliar as pessoas endividadas. Esse já é um início para a solução do problema financeiro”, complementa.


Para tentar amenizar os reflexos da inadimplência advindos da nova classe C, as empresas de crédito e cobrança podem, por exemplo, realizar campanhas de pagamento com descontos sobre o saldo devedor, a fim de incentivar o pagamento, sugere Moraes. “O percentual do desconto deve variar de acordo com o tempo da dívida e com o perfil de crédito do consumidor. Entretanto, vale reforçar que indivíduos e famílias precisam ser mais cuidadosos em suas decisões de compra e financiamentos”, ressalta.


Neste contexto, as empresas também devem assumir papel responsável no intuito de tomar medidas para conter o deslumbramento do cliente com o crédito e a compra impulsiva de serviços/produtos que posteriormente terão dificuldades pagar. No entanto, este ainda é um grande desafio, como avalia o professor da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo, José Afonso Mazzon. “Hoje, o grande desafio para a classe C é a educação. Sabemos que uma educação de qualidade é um fator relevante para o futuro do jovem que formará uma família no futuro. Em termos de ter uma perspectiva de trabalho melhor, em termos de ter acesso as melhores universidades do País, e assim por diante”, opina.


Por outro lado, o professor vislumbra mudanças positivas neste cenário, e que terá como base a educação de modo geral. “Vejo como uma tendência que deve ocorrer nesse sentido, a de buscar um serviço educacional de melhor qualidade, algo que possa dar um diferencial para que essas famílias possam ter um grau de instrução melhor e ter acesso as melhores universidades do País e sua qualidade de vida”, aposta.


No campo dos negócios, Ewerson Moraes, da IBS/FGV ilustra as perspectivas com base nos dados do estudo “A evolução da classe média e o seu impacto no varejo”, divulgado pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP). Os dados apontam que o consumo per capita das famílias brasileiras das classes A e B deve aumentar cerca de 30% até 2020, ao passo que nas faixas C e D a taxa de crescimento será de quase 50%. Segundo a pesquisa, a chamada classe média, que já abrange 54% da população brasileira, ou 102 milhões de pessoas, será a maior responsável pelo incremento do consumo nos próximos anos. Ainda de acordo com o levantamento, o consumo das famílias brasileiras passará de R$ 2,34 trilhões, em 2011, para R$ 2,82 trilhões já em 2015, o que representa em torno de 63% do Produto Interno Bruto (PIB) de R$ 4,45 trilhões projetados para o período. Atualmente, o consumo das famílias no Brasil atinge pouco mais de 61% do PIB.

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