Até o digital era obrigatório um
intermediador humano regulando o aprendizado – controlando inclusive horário,
local específico, hora do lanche etc. Após o digital é preciso reaprender a
aprender. Hoje é possível aproveitar o tempo estudando no ônibus, lendo ou
assistindo vídeos online – fazendo a curadoria da sua própria jornada de
aprendizado. Perceba que isto é diferente do que aprender usando simplesmente
novas tecnologias.
O
livro era impresso e as programações do rádio e da televisão eram muito caras para
serem produzidas e, por isso, tinham uma determinada grade a ser perseguida. A
nossa forma de perceber a realidade foi montada para um mundo fixo, que já
vinha pronto. Todos nós bebíamos das mesmas fontes. Hoje, dizem que o mundo é
líquido. A exigência é pelo aumento do algoritmo pessoal.
Saímos
do século 20 mas no trabalho ainda resistimos às mudanças como sobrevivência ao
legado dos nossos cargos, empregos e profissões. Bastava repetir que já estava
bom.
Neste
século 21 somos obrigados a pensar em inovação – e aqui mora o conflito, pois é
justamente fazer o que vimos fazendo até agora é o que seguramente garante o
pão no final do mês. Nem temos como ser avaliados, na maioria das empresas, por
colocar tudo em risco e começar a fazer diferente. Quantos chefes estão prontos
para abrir mão do poder que detém sobre os seus funcionários?
E
talvez este seja o motivo que não enxergamos empresas tradicionais migrando
para o mundo digital. A empresa tradicional morre, mas não consegue migrar para
o digital. O mindset é o de permanecer estável. Porém, ficar na média é uma
opção que funciona bem quando a taxa de competitividade é baixa. No
entanto, com o cenário atual de brutal concorrência, se manter conservador
pode ser muito arriscado.
Veja
por exemplo o artigo da revista InfoMoney (set/2018) ressaltando que empresas
como Google, IBM e Apple não exigem mais o diploma na hora da contratação de
novos funcionários (infomoney.com). Se o individuo está empoderado, a exigência
é pela competência, pelo poder de realização do profissional. Por este motivo
as habilidades comportamentais para lidar com pessoas (soft skill) estão em
alta, em contraste com a formação alcançada apenas com livros e pela quantidade
de diplomas e certificados conquistados.
Outro
sinal dos novos tempos é o Movimento Maker. Esta cultura moderna tem em sua
base a ideia de que pessoas comuns podem construir, consertar, modificar e
fabricar os mais diversos tipos de objetos e projetos com suas próprias mãos.
Hoje em dia, com a chegada e popularização de tecnologias de construção super
sofisticadas como a impressão 3D, o Movimento Maker pode ser apenas o início de
uma revolução industrial de proporções gigantescas e bastantes profundas para
nossa sociedade.
Enfim, saber viver neste novo século é o ponto crítico que nos
diferenciará dos robôs.