O freqüentador da Rua 25 de Março não é mais apenas o de baixa renda, até então responsável pela conotação popular da região. Atualmente o consumidor dos produtos desse centro aberto de compras tem um perfil altamente qualificado e já não associa preço baixo à falta de qualidade. Essa é a principal constatação de um estudo da TNS InterScience, empresa do segmento de pesquisas Ad Hoc (sob encomenda), realizado junto com a Giacometti Propaganda, para avaliar o cenário competitivo desse centro comercial e detectar oportunidades para as grandes redes varejistas.
A pesquisa, realizada de 16 a 22 de agosto, ouviu 600 pessoas que faziam compras particulares ou para a revenda de produtos. Do total da amostra, a maioria (60%) é de classe média (renda média familiar de R$ 2.350,00) e relativamente jovem, mais da metade com idade inferior a 34 anos, e grande parte tem renda própria e cartão de crédito. “Deixamos de lado o preconceito e assumimos que o consumidor da 25 de Março é o mesmo dos shoppings”, afirma Valéria Rodrigues, diretora de Consumo e Varejo da TNS InterScience.
Diariamente circulam pela região cerca de 500 mil pessoas contra os 1,3 milhão que passam pelos 41 maiores shoppings do Estado de São Paulo. Os 251 shoppings brasileiros faturam juntos R$ 40 bilhões/ano. O maior shopping de São Paulo, o complexo Aricanduva, fatura R$ 1,2 bilhão/ano. “Multiplicando-se o gasto médio declarado pelos entrevistados (R$ 123,00 por pessoa) pelas 500 mil pessoas que circulam diariamente na região, o faturamento anual de vendas da 25 de Março supera a marca anual de R$ 10 bilhões, o que nos leva a concluir que este é o maior shopping de São Paulo”, compara Valéria. O tamanho e o potencial desse mercado tem reflexos diretos na crescente valorização da área. O preço do metro quadrado, o mais caro da cidade de São Paulo (R$ 10.000,00), supera o da região da Av. Paulista (R$ 9.000,00) e o da Rua Oscar Freire (R$ 7.000,00).
As principais vantagens apontadas pelos pesquisados em relação a outros canais de vendas, além do preço baixo é a variedade de produtos e de lojas (é possível comprar tudo no mesmo local). Entre as desvantagens, destacaram-se o tumulto, o barulho, a falta de segurança e o excesso de camelôs.
Do total da amostra, 79% dos entrevistados fazem compras para consumo próprio e 12% para revenda. Entre os que se enquadram no primeiro caso, mais da metade (63%) completou o ensino médio ou tem curso superior. A maioria (71%) dos consumidores que compram produtos para uso pessoal trabalha fora, em período integral; 51% são assalariados; 20% são autônomos/freelancers. Apenas 6% são donas de casa sem rendimento formal.
Entre as categorias de produtos mais comprados as campeãs são as bijuterias prontas, seguida dos brinquedos e dos jogos e games. Depois vêem armarinhos/aviamentos, acessórios e artigos de papelaria, peças para a montagem de bijuterias, eletroeletrônicos, artigos para decoração, relógios e, por fim, artigos de cama, mesa e banho, roupas femininas, tecidos, lingeries/meias e roupas masculinas.