Autor: Vanderlei Ferreira
Se você quiser ver o que a Internet das Coisas (IoT) é capaz de fazer, basta olhar para um jogador da NFL de hoje. Dois sensores do tamanho de uma moeda, colocados nas ombreiras usadas pelos jogadores, se comunicam mais de 15 vezes por segundo com 20 receptores de rádio colocados em cada um dos estádios da liga.
Os dados sobre cada jogador são reportados ao vivo, em tempo real. Os sensores controlam a velocidade dos jogadores, a distância que percorrem, a aceleração e a desaceleração de cada um deles, entre outros elementos. Computadores analisam e exibem as informações ao vivo em vídeos. Os torcedores assistindo ao jogo pela TV podem acompanhar os dados em tempo real, acompanhando o jogo com detalhes que nunca antes foram oferecidos.
Isso é apenas uma amostra do que é possível com a agora chamada “Empresa Inteligente”. Esta mesma tecnologia usada nos jogadores logo estará em milhões de dispositivos, máquinas, armazéns, fábricas, varejistas, hospitais e até mesmo cidades em um futuro não muito distante. As informações dos sensores serão rastreadas automaticamente por computadores ou “máquinas inteligentes”, e decisões serão tomadas por seres humanos –ou mesmo por máquinas. Tudo isso fará nossas empresas e organizações mais inteligentes.
Essa visibilidade sobre o que está acontecendo, agora, será revolucionária, pois permitirá que pessoas, empresas e organizações ajam com base em informações em tempo real e alcancem novos níveis de crescimento, produtividade e qualidade de serviço — ou, em uma palavra, inteligência.
IoT mais perto do que se pensa
A Internet das Coisas tem viabilizado muita coisa, desde mais eficiência para redes de transporte no mundo até dispositivos que recebem feedback sobre impacto ambiental de eletrodomésticos e minimizam o consumo de energia. Milhares de novas formas de uso estão em desenvolvimento atualmente e a boa notícia é que muitas organizações já possuem blocos de construção para digitalizar suas operações.
O impacto econômico já pode ser sentido. O mercado para dispositivos de identificação por radiofrequência (RFID), a tecnologia subjacente para os sensores, está crescendo exponencialmente. De acordo com a IDTechEx, uma empresa de consultoria de Cambridge, Reino Unido, 8,9 bilhões de dispositivos RFID foram vendidos em 2015, representando US$ 10,1 bilhões em receita. A previsão da IDTechEx é que esse valor atinja US$ 13,2 bilhões em 2020. Isso inclui identificadores, leitores e software/serviços para cartões RFID, etiquetas e todos os outros formatos para RFID passivos e ativos. A ideia de conectar os mundos físico e digital para promover inovação, eficiência e crescimento econômico global pode ser resumida no conceito da Empresa Inteligente. A velocidade da evolução tecnológica é muito alta – e as empresas devem se adaptar rapidamente.
O setor varejista é apenas um onde os problemas podem ser solucionados. 4% da receita potencial são perdidos todos os anos porque as lojas não podem atender à demanda de clientes em busca de produtos específicos em estoque. Prateleiras vazias ou pouco abastecidas são oportunidades perdidas de venda. Se cada item for marcado e rastreado e os pedidos de reabastecimento forem feitos em tempo real para os funcionários e armazéns, os varejistas serão capazes de reconquistar uma parcela significativa da receita perdida. Com uma margem média de lucro de 2% para a maioria dos varejistas, mesmo um ganho marginal poderá resultar em um crescimento relevante.
Esta é apenas uma das maneiras como a Empresa Inteligente já está produzindo um impacto em quase todos os setores. Um sensor pode parecer um dispositivo pequeno, mas associado a grandes volumes de dados e à capacidade de compreender e agir com base nessas informações pode trazer uma nova onda de inovação tecnológica e criatividade ao nosso mundo e melhorar a vida e o trabalho das pessoas.
Vanderlei Ferreira é diretora geral da Zebra Technologies Brasil.