Autor: Marcos Hirai
Passadas as eleições, o varejista brasileiro passa por um dilema – acelerar a expansão ou desacelerar? Nos últimos meses a vida não tem sido fácil para os varejistas – Copa do Mundo, a desaceleração das vendas, a piora do cenário macroeonômico exacerbada durante o período eleitoral, entre outros. O ano de 2015 se delineia como um de muitos ajustes na economia. Por conta das eleições, o atual governo adiou algumas decisões que refletirão ao longo do próximo ano. As medidas serão impopulares e em parte, isto já começou a ocorrer; já na semana passada tivemos o aumento da taxa Selic.
Entre alguns dos desafios, está o controle da inflação, o inevitável reajuste no preço dos combustíveis, o risco de problemas na oferta de energia elétrica caso persista a escassez de chuvas, o escândalo da Petrobras, enfim – o governo terá pela frente o desafio de reverter o baixo crescimento econômico, melhorar a condução da política fiscal para diminuir a dívida pública, estancar a crise de desconfiança dos investidores e passar credibilidade suficiente para evitar que o Brasil perca o grau de investimento recebido em 2008.
Mas e o varejo? Este ano deverá ser fechado com crescimento entre 3,5% e 4%, inferior às taxas de crescimento dos últimos anos que girava em torno de 6% a 7% ao ano, mas muito acima do crescimento pífio previsto para o PIB brasileiro este ano -0,5%. Segundo projeções do IDV – Instituto para o Desenvolvimento do Varejo, a taxa de crescimento do varejo brasileiro deve fechar 2015 com expansão entre 5,5% e 6%. O resultado tem como premissa uma taxa de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro na casa de 1% a 1,5%.
Com perspectivas como estas, os empresários chegam a uma conclusão que o cenário hoje, apesar dos desafios da política macroeconômica, é mais de desconfiança do que de crise. Nosso imenso mercado consumidor, a visão das perspectivas do mercado brasileiro a médio e longo prazo, falam mais alto. Numa recente enquete com varejistas, 9 entre 10 disseram que no mínimo manterão o mesmo ritmo de abertura de lojas de 2014. Desse total, 60% declararam que aumentarão o ritmo de abertura de lojas em 2015. Mas não existe euforia. Cautela é o nome do jogo. A expansão será mais programada, planejada e os custos rigorosamente controlados.
Não custa repetir que o varejo já representa entre 16% a 17% do PIB. Além de gerador do maior número de empregos formais no País, o setor exibe, especialmente nos últimos quatro anos, números expressivos de crescimento e consistentes indicadores de modernização.
Marcos Hirai é sócio-diretor da BG&H Retail Real Estate