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Matheus Patelli, diretor geral da HempMeds no Brasil

A experiência disruptiva que avança derrubando tabus

Diretor geral da HempMeds no Brasil fala dos caminhos para construção e consolidação de um mercado com forte potencial de contribuição na saúde

Por pressão dos próprios pacientes e familiares e perseverando, entre avanços e retrocessos, um novo mercado vai se descortinando no país e derrubando, aos poucos, tabus e preconceitos. Trata-se da comercialização de produtos à base de cannabis para fins medicinais, aliviando sintomas em problemas de saúde que vão da depressão e epilepsia até doenças neurológicas e síndromes raras. Enfrentando até hoje restrições da entidade que representa os médicos no país e regulações paulatinas da Anvisa, já há sete anos a americana HempMeds tenta desbravar o potencial do canabidiol farmacêutico no Brasil. Dependendo de produção, estoque e logística desde sua sede nos Estados Unidos, a empresa ainda tem de se desdobrar em uma jornada de experiência do cliente que envolve 23 etapas humanizadas para chegar ao fechamento das vendas. Detalhando esse pioneirismo que já conta com mais de cinco mil pacientes contínuos, ultrapassando os preconceitos ainda existentes em relação à venda do produto, Matheus Patelli, diretor geral da HempMeds no Brasil, participou, hoje (17), da 584ª live da Série Lives – Entrevista ClienteSA.

Explicando, ao iniciar, os propósitos da empresa, Matheus falou que o objetivo é possibilitar acesso dos pacientes a produtos derivados da cannabis para fins terapêuticos. Ou seja, diversos produtos compostos extraídos do cânhamo, em sua grande maioria ricos em canabidiol. Para dar uma ideia das dificuldades enfrentadas para superar o preconceito em cima do produto, ele lembrou tratar-se de uma empresa que, a despeito de já estar no país desde 2015, na época reunindo uma equipe de apenas três pessoas, foi ganhando corpo e presença mais significativa à medida que avança a flexibilização das regras no país. Ele reconhece como natural o surgimento desses desafios por se tratar de um tema claramente disruptivo e complexo, na medida que ainda hoje é envolto por uma série de tabus e preconceitos. Entretanto, o executivo contrapõe a isso o fato do produto já se configurar com alto nível de segurança demonstrada, sendo utilizado por pacientes que vão dos recém-nascidos aos mais idosos.

O executivo esclareceu que esse é, no geral, um mercado que caminha para se transformar em uma indústria de fármacos. “No momento, ainda não podemos falar que se trata de uma consolidação nesse sentido, pois todos os produtos com os quais trabalhamos vem dos Estados Unidos, onde se localizam nossa sede, a produção e o estoque. Um país no qual ainda não são regulados como medicamentos, mas sim como alimentos com potencial farmacêutico, ou seja, espécie de suplemento alimentar.” Em resumo, detalhou o diretor, eles chegam ao Brasil como uma categoria especial e não como fitoterápicos, categorizados apenas com a nomenclatura atribuída pela Anvisa de “produtos de cannabis para fins medicinais” e não remédios.

Ao falar da paulatina derrubada dos tabus, Matheus disse que a associação da cannabis unicamente ao uso proibitivo de psicotrópicos é uma questão cultural e persistente. Segundo ele, além dos Estados Unidos, o pioneirismo dos pesquisadores no estudo do isolamento das moléculas dos derivados da planta para tratamentos médicos aconteceu em Israel. “Ainda hoje, há uma dificuldade imensa em se falar no cânhamo, maconha, cannabidiol e cannabis. As pessoas tendem a inserir todos esses termos em um mesmo rol, como se fossem sinônimos. Nisso reside o problema.” De acordo com o diretor, as regulamentações diferem em cada país, sendo que, no Brasil, só está liberado o uso medicinal – “depende de prescrição médica, mesmo sendo comprovadamente seguros e sem a presença de psicoatividade”.

Depois de detalhar o esforço contínuo da empresa, de médicos e da associação de pacientes junto aos congressistas e à sociedade para eliminação do estigma na matéria, Matheus esmiuçou o quanto o quadro atual inviabiliza a automação no atendimento que lhe permitiria escalar o negócio, ou seja, conquistar clientes e consolidar boas práticas de atendimento. Plataformas como o próprio Whatsapp ainda barram a dinâmica de vendas pela ferramenta, sempre com o medo de que seja apologia às drogas. “Hoje, a jornada envolve 23 etapas no passo-a-passo do atendimento humanizado, desde a primeira ligação do interessado até o fechamento da venda.”

Matheus também falou da complexidade que está envolvida em todo o processo, da plantação à transformação das sementes em líquidos dentro dos frascos envasados,  das estocagens à logística geral. Em resumo, ainda reflete demais no preço, apesar de já haver evoluído muito a solução desse problema. Houve tempo ainda, ao longo da live, para o executivo desmembrar as diferenças regionais em termos de desenvolvimento dos mercados dos produtos terapêuticos e dos de uso recreativo por adultos – para o qual o Brasil ainda estaria muito distante. Discorreu sobre as mais recentes restrições impostas pelo Conselho Federal de Medicina, ainda muito severas, o que, na sua visão, prejudica demais os doentes que seriam beneficiados em tratamentos específicos. Isso em um cenário que envolve, hoje, cerca de cinco mil pacientes usuários de forma contínua, em um universo crescente, pois existem atualmente a média de 800 pedidos chegando mensalmente à HempMeds. Ele ainda comparou as diferenciações desse desenvolvimento nos Estados Unidos, onde a importância dos derivados da cannabis para fins de alívio de sintomas já ultrapassou a fase dos tabus.

O vídeo, na íntegra, está disponível em nosso canal no Youtube, o ClienteSA Play, junto com as outras 583 lives realizadas desde março de 2020. Aproveite para também se inscrever. A Série Lives – Entrevista ClienteSA terá sequência amanhã (18), com a presença de Mauro Levi D’Ancona, cofundador e CEO da 180° Seguros, que falará do desafio de agregar valor com embedded insurance; na quarta, será a vez de Gabriel Kayser, diretor de customer experience da FedEx; na quinta, Philip Klien, CEO da ClickBus; e, encerrando a semana, o Sextou debaterá o tema “CX: Na era digital, como fazer a diferença com a humanização?”, com os convidados Leidiane Jardim de Sousa, head de customer operations na Cobli, Eric Baravelli, diretor de experiência do cliente da Contabilizei, Igor Ripoll, VP de sales e customer success da Único, Karla Danianne de Castro, head de digital no Grupo Fleury e Juliana de Paula, diretora de negócios da Atento.

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