Autor: Donald Farmer
Sempre que eu falo com executivos sobre inovação, a discussão mais acalorada gira em torno do papel deste conceito na cultura corporativa. Muitos líderes certamente já ouviram o conselho de que devem incentivar um estilo de trabalho que estimule pensamentos e ações inovadoras. Muitas vezes, as organizações colocam isso em prática simplesmente afirmando ser inovadoras na declaração de valores da companhia. No entanto, é preciso muito mais do que um memorando executivo para encorajar um novo pensamento. A mudança cultural é difícil, especialmente quando a chave para o sucesso inclui aceitar falhas, atitude fundamental para que haja mudança. Como primeiro passo, é preciso distinguir a diferença entre a inovação como um valor e inovação como uma meta.
CONFUSÃO CULTURAL
Deparo-me, constantemente, com afirmações como: “A inovação é a força motriz da nossa equipe”. Não, não é. Fale com os membros do time e eles provavelmente te dirão que a sua empresa é absolutamente conservadora e não corre nenhum risco. Fale com a liderança e eles dirão que têm sim uma cultura inovadora – são as equipes que não inovam o suficiente. O que está acontecendo nesses casos? Normalmente, descobre-se que os líderes corporativos realmente querem ver um novo tipo de trabalho, mas não estão encorajando as pessoas a correr os riscos necessários nem a cometer falhas, tão importantes no processo. Esse problema, por sua vez frequentemente surge de uma confusão entre objetivos e valores.
OBJETIVOS E VALORES
Os objetivos costumam ser financeiros, e mesmo que não sejam estritamente monetários, devem, pelo menos, ser mensuráveis. “Criar novos produtos incríveis” é uma meta. Um pouco complicada, talvez, mas podemos medir seu sucesso por meio da venda de produtos e acompanhamento da satisfação dos clientes. Valores, por outro lado, podem ser um pouco intangíveis e, espera-se, baseados em convicções éticas ou filosóficas. “Fazer as pessoas melhores”, “ser humilde”, “assumir a responsabilidade.” Esses valores corporativos são difíceis de medir: não se pode facilmente reduzi-los a dólares e centavos. É claro que uma empresa pode realmente querer transformar “inovação” em um valor. Mas não basta apenas desejar. Primeiro você deve fazer da inovação um objetivo.
TRACE UMA META
Eu às vezes digo, mais ou menos brincando, a alguns colegas em Londres que eles me decepcionam. Muitas de suas ideias são totalmente valiosas, úteis e práticas. Eles não erram o suficiente! Como muitas piadas, essa tem um fundo de verdade. Uma cultura que realmente incentiva a experimentação vai, em algum momento, recompensar esforços corajosos e cheios de imaginação que não deram certo. Não me leve a mal, por favor, temos que recompensar os esforços bem-sucedidos, também. O ponto importante é ter metas corporativas que medem esforço de inovação. Quantos novos projetos foram desenvolvidos? Quantos são genuinamente experimentais, trazem novas linhas de negócios, novas tecnologias ou novos serviços? Quantos desses projetos prosperaram e fracassaram?
Crie metas como estas – estabelecidas, subsidiadas, medidas e comunicadas a todos. Em breve você vai olhar para trás e reconhecer que a inovação impulsiona um batimento cardíaco regular do seu negócio. Ao fazer isso você começa a ver que as pessoas seguem esse objetivo espontaneamente e passam a transformar todos os níveis da organização. Quando isso acontecer, você pode afirmar que, de fato, sua empresa tem a inovação como um valor fundamental.
Donald Farmer é vice-presidente de inovação e design da Qlik