Duas cabeças pensam melhor que uma, e três pensam melhor que duas. Então, por que não ter varias pessoas pensando juntas para encontrar uma solução para algum problema, ou mesmo para melhorar um serviço. Ainda mais se quem vai pensar junto traz um foco completamente novo. Pois bem, diante de um mercado mais competitivo e da necessidade de se diferenciar pela inovação, as empresas abriram de vez as portas para os clientes com objetivo de não só saber sua opinião, como contar com seu apoio no desenvolvimento de produtos e serviços. Isso quando não convidam também outras empresas para trabalharem juntas. “O conceito chave desta discussão é a Colaboração. Está provado que a construção do conhecimento e de novas atitudes nasce no ambiente colaborativo”, destaca Paulo Henrique Pichini é CEO & President da Go2neXt.
Ele reforça que inovação acontece quando pessoas se unem para solucionar problemas difíceis de novas maneiras. “Ou seja: ao contrário do que se pensa, inovação é, fundamentalmente, um processo social – ou comportamental.” Assim, é por meio da colaboração com pessoas de dentro e de fora da empresa que se tem acesso à inovação mais disruptiva, segundo o executivo. “Acima de tudo, o fruto da Colaboração é, sempre, um ambiente mais rico, mais criativo, mais inclusivo do que o mundo tradicional.”
A opinião é reforçada por Andrea Cavallari, manager of customer success da Red Hat, que vê a colaboração como o caminho para alavancar a inovação. Ela explica que por meio dessa filosofia, os silos são quebrados, a organização funciona de forma mais ágil e o mix de pessoas com diferentes habilidades, trabalhando em um único propósito, abre espaço para novas ideias e liberdade de criação. “É nesse tipo de ambiente que a inovação acontece”, afirma.
Nesse sentido é que pode ser trabalhada a ideia de cocriação, a partir de um conhecimento coletivo. O CEO da youDb, Leonardo Barci, esclarece que cocriação é incluir verdadeiramente o cliente como parte do modelo de negócios, colocando-o em primeiro lugar. “Isso não significa criar um modelo insustentável, muito pelo contrário, significa criar um modelo que coloque o cliente como participantes das soluções e corresponsável pelo resultado e pela entrega. Significa que as decisões mais fáceis e as mais difíceis incluem o cliente na conta”, detalha.
Para José Renato Gonçalves, vice-presidente para a região da América Latina da Orange Business Services, tudo isso vem sendo necessário porque, com a transformação digital e as consequentes mudanças nas relações de consumo, o conceito “consumer centric” – ou o consumidor no centro – precisou se firmar como mantra central da estratégia de negócios. “De maneira prática, a necessidade de atender à demanda cada vez mais rigorosa e ágil do consumidor, força as organizações a se adequarem à realidade digital.” Para isso, ele argumenta que é preciso desenvolver uma estratégia que garanta a efetividade das práticas de engajamento do cliente. “A base está na total compreensão de como um serviço ou produto pode contribuir da melhor maneira para o dia a dia dos compradores; e em seguida, o desafio de apontar o real valor agregado do que está sendo oferecido”, completa.
NA PRÁTICA
Dentro dessa nova realidade, os laboratórios de Personal Care e Home Care da Basf ganharam nova estrutura em São Paulo, integrada ao Centro de Experiências Científicas e Digitais. Batizado de onono, o espaço colaborativo visa estimular a troca de experiências com diferentes mercados e perfis profissionais, promovendo a diversidade de ideias, conectividade e digitalização em prol da inovação. Aberta ao público, a nova organização dos laboratóriosfoi pensada para oferecer aos clientes e parceiros a possibilidade de cocriar soluções conectadas às necessidades dos consumidores, desde a concepção de formulações até a validação de conceitos com o mercado.
“A criação de um ecossistema vivo, que envolva diferentes elos da cadeia, possibilita irmos além do desenvolvimento de novas soluções, abrindo caminhos para novos modelos de negócio”, afirma Tatiana Kalman, vice-presidente de Care Chemicals da Basf para a América do Sul. “Este ambiente nos permite desenvolver soluções em conjunto com nossos clientes, startups, consumidores e outros profissionais que estejam abertos para inovar conosco, possibilitando o desenvolvimento de soluções customizadas e inovadoras para o nosso mercado”, considera.
Outro exemplo é a Visa com o seu estúdio de inovação em São Paulo. Mais de 1700 profissionais já passaram pelo centro, dentre emissores, credenciadores, estabelecimentos comerciais e startups. Inaugurado em 2016, o espaço tem como um de seus objetivos buscar soluções colaborativamente para as principais necessidades dos consumidores brasileiros. “O crescimento contínuo das atividades do São Paulo Innovation Studio mostra que essa forma de trabalhar a inovação, de portas abertas e em colaboração, foi entendida e abraçada pelos nossos parceiros”, explica Percival Jatobá, vice-presidente de produtos, soluções e inovação da Visa do Brasil. No último ano, o volume de discovery sessions – reuniões mais aprofundadas com os clientes e parceiros – aumentou em 29%, sendo que muitos projetos recentes tiveram sua origem no espaço já foram lançados no mercado. “Esses números mostram ainda que essa forma de trabalhar já começa a dar resultados”, afirma Percival.
No ano passado, a Stefanini também apostou nesse modelo com a inauguração da Sala 87. O local reforça o propósito da empresa de “Cocriar soluções para um futuro melhor”. “As grandes ideias são cocriadas, afinal ninguém age sozinho”, ressalta Guilherme Stefanini, head da área de Novos Negócios na Stefanini. De acordo com o executivo, o espaço possibilita o trabalho de maneira mais colaborativa e integrada, como um grande laboratório prático para desenvolver e testar novos modelos de negócios. “Acreditamos que pessoas trabalhando e pensando juntas podem criar e realizar muito mais para um futuro melhor”, complementa.
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