Aumenta a inadimplência em abril

A inadimplência voltou a crescer no mês de abril, de acordo com análise da Equifax, empresa fornecedora de soluções para gestão de negócios. Foram devolvidos 3.184.615 cheques o que reflete uma alta de 7,9% em relação ao mesmo período em 2004, quando foram computadas 2.950.763 devoluções. Já os títulos protestados atingiram a marca de 679.039, uma elevação de 3,2%.
Os números de março de 2005 já vinham demonstrando sinais de aquecimento da inadimplência no País. Em março foram devolvidos 3.815.188 cheques, um aumento de 8,3% em relação ao mesmo período em 2004. Sendo que a quantidade de títulos protestados deixou de ter trajetória declinante e passou a apresentar comportamento ascendente desde o terceiro trimestre de 2004. O número médio mensal de protestos, que foi de 615.929 no terceiro trimestre de 2004, passou para 632.358 nos três últimos meses de 2004 e atingiu 643.142 agora no primeiro trimestre de 2005.
Na avaliação do economista João Pamplona, assessor econômico da Equifax, o comportamento ascendente da inadimplência pode ser explicado pela conjuntura econômica mais adversa observada nos últimos meses. As sucessivas decisões do Banco Central de elevar a taxa básica de juros – desde de setembro passado foram oito aumentos mensais consecutivos com a taxa atingindo 19,5% em abril – têm desacelerado o ritmo de crescimento da produção e das vendas.
Os sinais de acomodação do nível de atividade econômica que se originaram dessa política de juros altos apareceram nos dados recentemente divulgados pelo IBGE sobre a indústria, que mostram que a produção industrial cresceu em março último apenas 1,7% em relação a março de 2004. Foi a menor taxa de expansão nesse tipo de comparação desde novembro de 2003. Já se fala em quase estagnação do nível de atividade do setor. As vendas do comércio varejista seguem a mesma trajetória. As informações disponíveis revelam que o varejo apresentou crescimento de 1,32% em fevereiro deste ano ante o mesmo mês de 2004, o que representou seu pior desempenho nos últimos 15 meses.
De acordo com a Equifax, a desaceleração do nível de atividade só não é maior porque há ainda um movimento forte de exportações, há também os reflexos positivos no mercado de trabalho da expansão do ano passado e algumas modalidades de crédito mantém-se em níveis mais altos. No entanto, com a existência de um dólar cada vez mais barato e com a firme convicção do Banco Central de levar adiante sua política monetária restritiva, é difícil acreditar que esses efeitos amenizadores da conjuntura persistam. Diante disso, a possibilidade de que a inadimplência permaneça crescendo nos próximos meses é bastante grande.

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