Boa performance não garante emprego


Um retrato atualizado das condições de trabalho e dos processos de demissão no país chega a público nesta semana com a divulgação do novo estudo “Demissão de Executivos nas Maiores e Melhores Empresas do Brasil”, pesquisa que vem sendo realizada pela Lens & Minarelli desde 2002. A presente versão permite vislumbrar uma realidade inquietante: o estado de alienação dos executivos que, ao cumprir as metas e entregar os resultados esperados, se julgam imunes à demissão. A prática, no entanto, demonstra que o descuido com aspectos comportamentais e de relacionamento tem levado à ruptura do contrato de trabalho, independentemente da performance.

“A alienação produz um entendimento de que o nível de estresse presente hoje nas organizações é algo natural, o que leva muitos profissionais a cumprir o papel de multiplicador da tensão. Da mesma forma como são pressionados, eles pressionam os demais e criam um ambiente desfavorável à construção de relações sustentáveis, dando espaço a relacionamentos superficiais e efêmeros. Sem considerar a importância da interação com as pessoais, a maioria se surpreende com a exclusão, que ocorre apesar do cumprimento das metas”, avalia Mariá Giuliese, sócia-diretora da Lens & Minarelli e coordenadora do estudo.

A pesquisa envolveu uma população de 200 executivos, entre presidentes, diretores e gerentes seniores demitidos ao longo de 2005. Todas as entrevistas foram realizadas logo no início do processo de outplacement, serviço de transição de carreira oferecido a esses profissionais por seus ex-empregadores. O perfil dos entrevistados é similar ao dos estudos anteriores: 87% são homens, 95% têm curso superior completo, 65% fizeram pós-graduação e 51% falam inglês fluentemente.

Os resultados demonstram, também, que ainda é grande o número de executivos demitidos pela primeira vez (59,2%), após um longo período de permanência na empresa (cerca de 10 anos). Ainda que tenham passado por vários processos de fusão e aquisição, apresentam experiência restrita a uma única realidade organizacional, desconhecendo outros negócios e mercados. Um dado que surpreende é a falta de percepção quanto ao risco de desligamento: 68,3% não esperavam o término do contrato de trabalho, o que acarreta uma sensação de choque para 43,2% dos profissionais que receberam a notícia. A grande maioria (82,9%) considera a demissão injusta; 66% não se convenceram da justificativa fornecida pela empresa e, para 59,3%, o processo de ruptura foi mal conduzido.

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