Brasil é o campeão mundial de compulsório


Em maio, de acordo com a Febraban, não apenas o volume de crédito com recursos livres (estoque) cresceu fortemente, 26,7% em relação a maio de 2005, somando R$ 444,00 bilhões, como também as concessões de crédito (fluxo) tiveram uma robusta expansão, 13,5% em 12 meses, atingindo R$ 126,6 bilhões (média mensal). Persistem os fatores que inibem um maior crescimento do crédito no Brasil – uma dívida líquida do setor público de R$ 1.014,9 bilhões ou 51% do PIB (dado de abril de 2006) e os recolhimentos compulsórios sobre os depósitos bancários.

Em maio, os compulsórios somaram R$ 144,7 bilhões ou 22% do crédito total do sistema financeiro, restringindo fortemente a liquidez do sistema financeiro e diminuindo a oferta de crédito, mantendo o Brasil como praticamente o único país do mundo a utilizar tão drasticamente esse instrumento, em nível muito superior ao de outros países emergentes.

Do lado das pessoas físicas, o volume de crédito consignado teve o maior crescimento no ano (21,6%) atingindo R$ 39,3 bilhões, seguido pelo financiamento de veículos, com expansão de 11,4% também de janeiro a maio de 2006, somando R$ 56,4 bilhões. Cabe destacar que a expansão do volume de crédito consignado tem se desacelerado. Nos cinco primeiros meses do ano de 2005, o volume de crédito consignado cresceu 44,3%. Já nos cinco primeiro meses deste ano, esta modalidade de crédito teve um incremento de apenas 21,6%, apesar da queda da taxa de juros de 0,7 ponto percentual, na comparação entre os dois períodos (em maio de 2006, a taxa de juros para esta modalidade de crédito foi de 36,8%, ante 37,5% em maio de 2005).

Já do lado das pessoas jurídicas, as vedetes foram as operações de crédito com taxas pós-fixadas, dependentes das variações cambiais. As operações de adiantamento de contrato de câmbio (ACC), cujas taxas de captação dependem da variação cambial acrescida da taxa libor e de um spread, tiveram a maior expansão durante o ano (10,2%), somando R$ 26,2 bilhões. Esta excelente performance reflete o bom resultado das exportações brasileiras no ano (US$ 49,5 bilhões) e a depreciação do dólar frente ao real, nestes primeiros 5 meses do ano.

Já as concessões de crédito refletiram o efeito sazonal da Copa do Mundo. As concessões de crédito para pessoas físicas para financiamentos de bens duráveis aumentaram 40,2% em relação ao mês anterior, em razão do aumento de vendas de TV´s e DVD´s, somando R$ 1,7 bilhões. Esta modalidade de crédito teve uma queda na taxa de juros de 0,8 ponto percentual, apresentando, em maio, uma taxa de juros de 58,1% ao ano ante 59,4%, em abril. No total, foram concedidos R$ 44,2 bilhões em crédito para pessoas físicas no mês, um aumento de 14,3% em 12 meses.

No período, as empresas receberam R$ 82,5 bilhões em crédito (expansão de 16,1%). As principais modalidades foram ACC (crescimento de 35%), financiamento de bens (21,5%) e financiamento de importações (50,2%), com concessões de R$ 8,6 bilhões, R$ 5,3 bilhões e R$ 1,5 bilhões, respectivamente. O aumento das concessões de crédito para ACC e para financiamento de importações reflete o fato das exportações e das importações estarem se acelerando concomitantemente.

Em maio, as taxas de juros para pessoas físicas atingiram o menor patamar desde julho de 1994, 56,1% ao ano, queda de 1,7 ponto percentual em relação ao mês anterior. Já as taxas de juros para pessoas jurídicas de 29,7% ao ano, são as menores desde junho de 2004. Ponderadamente, a taxa de juros consolidada foi de 43,9% ao ano, a menor taxa em 2 anos. Corroborou a queda das taxas de juros, além do corte da taxa Selic de 1,25 ponto percentual de março a maio deste ano, o aumento sazonal da concessão de operações de crédito com taxas de juros mais baixas.

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