Há muito que mudar no Brasil, a começar pela forma de governo. Mas, chama atenção especial a dificuldade em estabelecermos um bom ambiente de negócios. Existe um espaço absurdamente grande entre os esforços anunciados pelo governo em relação às nossas empresas e as condições desfavoráveis em que se encontram os empreendedores.
Senso comum, a grande revolução mundial está sendo feita por pequenas empresas de base tecnológica. Como garantir, então, um ambiente estimulante para os universitários que pensam em abrir seus próprios negócios quando deixarem a faculdade?
O que o governo centralizante está fazendo, além de horizontalizar regras, modelos e práticas que só fazem travar as iniciativas pioneiras dos nossos jovens? Por que temos de nos conformar em perder nossas grandes cabeças em vez de criar um ambiente favorável e livre dessa carga tributária massificante e que os impede de progredir no país de origem?
Muitas vezes sem apoio – que deveria ser das empresas ao invés do governo – nossas universidades, com honrosas e gratas exceções, também estão falhando em capitalizar o potencial dos universitários, deixando de estimular e capacitar os formandos a se tornarem empreendedores. Desestruturados, os jovens se formam já com a sensação de que vão sofrer muito para arranjar um bom emprego, sem mencionar que uma ínfima fração se aventura a dar início a um negócio próprio, ainda que dentro de uma incubadora. Vale ressaltar que existe uma demanda de sete milhões de jovens para entrar em uma universidade, segundo dados do MEC.
Além de criar um ambiente propício para absorver essa mão-de-obra altamente qualificada, precisamos incentivar a criação de novos negócios ainda no ambiente universitário. É necessário que o jovem adquira desde cedo a consciência de que aprender a administrar um negócio é garantia de sucesso e algo que deve ser incutido no empreendedor enquanto ainda freqüenta a sala de aula.
Essa é uma questão muito séria, porque começa com a possibilidade de mudar a intenção do aluno em procurar emprego em uma empresa de ponta quando se formar. Ou, pior, um emprego público, já que os concursos públicos estão cada vez mais concorridos. Por outro lado, abrir uma empresa não é algo intuitivo, nem a informalidade é um bom começo para quem quer crescer. O caminho é criar mais e mais condições para formalizar essas empresas em potencial. Só assim, garantindo a existência de um mercado disposto e preparado para investir, é que poderemos ‘funcionar’ como país.
Por enquanto, infelizmente, não temos um mercado de capitais mais aberto, mais amplo e menos especulativo de curto prazo, que financie investimentos. Ao longo da última década, em especial, não conseguimos sequer desenvolver uma cultura empresarial de investimento em tecnologia, salvo exceções. Além disso, ainda temos a burocracia do BNDES e Finep em liberar os poucos recursos de que dispõem para pesquisa e desenvolvimento de novos projetos, com juros nada convidativos, ainda que subsidiados. Sem falar dos tributos, da contabilidade fiscal e de leis trabalhistas pesadíssimas, que constrangem qualquer jovem empresário.
Thomas Korontai é presidente do Partido Federalista.