A partir dessa quinta-feira (01), a Camara-e.net, a Câmara Brasileira de Comércio Eletrônico, começa a fazer a análise qualitativa das insurtechs brasileiras cadastradas no mapa do ecossistema do segmento no país. O objetivo é entender como operam essas iniciativas, que tipo de tecnologia utilizam em seus serviços, que dores resolvem, quantos colaboradores têm e como atuam no mercado de seguros: se provedoras de serviços e/ou produtos para o consumidor, se provedoras de serviços, produtos e tecnologia para seguradoras. “Até o momento temos 40 insurtechs cadastradas no mapa, e nossa tarefa é encaixá-las em categorias, de modo que possamos entender como elas trabalham”, explica Gustavo Zobaran, coordenador do Comitê de Insurtechs da Camara-e.net.
Em dezembro passado, o comitê reuniu empreendedores e especialistas dos setores de seguros, tecnologia e financeiro para apresentar a primeira prévia do mapeamento das insurtechs no país. Novas prévias serão divulgadas a cada três meses e vão mostrar a evolução do mercado no país em um mapa dinâmico. Durante o evento foram apresentados dados globais de investimentos no segmento e tendências de atuação das insurtechs.
Segundo a consultoria Everis, de 2010 para cá, 287 startups do setor receberam US$ 9,2 bilhões, sendo US$ 2,7 bilhões em 151 empresas apenas em 2016. Os dados de 2017 ainda não estão fechados, mas a consultoria afirma que a tendência é de crescimento, principalmente de investimentos em startups que apostam em inteligência artificial, Internet das Coisas, realidade aumentada e outras tecnologias disruptivas. “Há uma corrida nos EUA pela casa conectada”, diz Roberto Ciccone, diretor de vendas da Everis. “As quatro grandes (Google, Amazon, Facebook e Apple) correm para dominar esse setor e para entrar primeiro na casa das pessoas como seu assessor digital, para prevenir problemas e aumentar a proteção do segurado.”
Enquanto nos EUA o mercado dá sinais de maturidade e atrai cada vez mais investimentos, no Brasil há um caminho longo a ser percorrido. Cesar Bertini, sócio da Smartmoney Ventures, que deu a visão do investidor na reunião, explica que o grande desafio das startups brasileiras para obter investimentos é entender o próprio conceito de startup. “Para nós, uma startup é um modelo de organização temporária em busca de um modelo de negócios repetível, escalável e lucrativo”, comenta.
Ele afirma que o maior erro de uma startup é achar que o que ela está fazendo é único. “O que ela precisa entender é que esse mercado está baseado em parcerias de negócios, e que elas têm que estar próximas de centros de desenvolvimento de tecnologia ou de outras empresas que possam compor um ecossistema”, observa. “Startups que se isolam por medo da concorrência, que não estão próximas desses ambientes, tendem a morrer.” Segundo Bertini, antes de abrir a carteira, o investidor quer saber se esse pedaço do ecossistema vai virar alguma coisa lá na frente. “Como no Brasil esse é um mercado altamente regulado, o investidor sempre corre o risco de algo na regulação dar errado e o negócio fechar”, explica.
A Superintendência de Seguros Privados (Susep), órgão que regulamenta o setor e também representado na reunião, informou que o órgão montou um grupo de trabalho para entender como as insurtechs funcionam e como será possível flexibilizar as regras para que o mercado se desenvolva no país.