Com jeitinho brasileiro

Seis anos atrás, o varejo virtual brasileiro ganhava um evento que pouco se conhecia. Vinda dos Estados Unidos e realizada na última sexta-feira de novembro, a Black Friday veio para movimentar o setor. Hoje, já se pode dizer que cumpriu com seu papel. Tanto que já virou uma data tradicional do calendário brasileiro. Mas, claro, nem tudo foi tão fácil assim. Apesar de ter crescido de forma surpreendente em pouco tempo, houve alguns problemas no início. Por conta da falta de estrutura e experiência, muitas lojas apresentaram um comportamento insatisfatório, como sites que não aguentavam a quantidade de acesso e caíam; alteração no preço dos produtos para criar uma promoção falsa; estoque insuficiente para a demanda; entre outros problemas que trouxeram, inclusive, a alcunha de “Black Fraude”. Porém, o que se tem visto desde as duas últimas edições é um maior preparo das empresas para justamente reverter essa ideia e conseguir atrair ainda mais clientes. Segundo Ricardo Bove, diretor do BlackFriday.com.br, site responsável por trazer o evento para cá, é impressionante o quanto os negócios e consumidores amadureceram com relação à data.
Um dos fatores culminantes desse desenvolvimento foi o próprio crescimento do e-commerce, principal local das ações no dia. Ambos os lados estão mais habituados com o comércio eletrônico, sendo hoje um mercado com um público mais inteligente e que pesquisa muito mais antes de uma compra. E também com lojas mais bem estruturadas, focando na boa experiência do consumidor e não apenas na venda. Com isso, todos vêm se organizando meses antes da Black Friday, para que a satisfação seja um resultado geral. Pessoas desde o começo do ano já fazem planos para a data, separado produtos de desejo e que possam aguardar a melhor oportunidade. Empreendedores se prontificam com muito mais antecedência para investirem em seus sites.
Mas, acima de qualquer nova tecnologia ou tendência, a grande novidade e diferencial para a edição deste ano é realmente essa Black Friday mais adulta e pronta. Tanto que para Andre Palis, diretor comercial e sócio da Raccoon, a ideia negativa que se tinha do dia já não deve mais existir.  “A data ganhou uma importância enorme para os varejistas, que pensam e planejam com antecedência as estratégias”, crê. “Isso significa que os consumidores podem esperar descontos agressivos em uma extensa gama de produtos”. Já, Gerson Rolim, consultor do comitê de varejo online e diretor de comunicação e marketing da Câmara Brasileira de Comércio Eletrônico (Camara-e.net), adiciona que demorou para o comércio entender que “essa é uma promoção de descontos reais”. E especialmente órgãos fiscalizadores, como a Câmara, ajudaram bastante para esse aumento de credibilidade.
Pois não se trata mais somente de uma sexta-feira, já é de conhecimento de muitos que ter um bom desempenho no dia pode resultar em ganho de longo prazo. “O vendedor tem de entender que se trata de uma oportunidade valiosa para fidelizar clientes. Não apenas pelos preços baixos, que é um chamariz poderoso, mas, sobretudo, pelos bons serviços prestados. E aqui estou me referindo a uma pré e uma pós-vendas de qualidade”, comenta Renato Pelissaro, diretor de marketing da Paypal para América Latina. Inclusive, Fernando Tassinari, diretor-geral da Criteo no Brasil, acrescenta que junto a esse serviço de excelência as empresas devem planejar um trabalho de fidelização. “Fazer com que o cliente baixe o aplicativo, enviar ofertas exclusivas para ele, ser personalizado é o grande segredo a partir de agora”, diz.
Aliás, o mobile tem tudo para ser outra grande força da data. Levando em consideração que cada vez mais os clientes pesquisam e compram em seus smartphones, as empresas também migrarão suas ações para o ambiente móvel. O que Tassinari vê como um caminho mais do que correto a se seguir: “varejistas que têm uma boa estratégia móvel estão muitos passos a frente daquele que não tem”. E, para Rolim, além de ser uma boa ferramenta de aproximação do público e também de pesquisa, os smartphone podem ser um dos meios para se obter dados do público, aprofundando o conhecimento sobre ele e permitindo criar as estratégias em outras épocas do ano. “O lojista tem que encarar a Black Friday não apenas como uma oportunidade para desovar seu estoque, mas para aumentar a sua clientela”, pontua.
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