Apesar do cenário favorável, o balanço semestral das vendas do comércio da Região Metropolitana de São Paulo apontou apenas uma modesta alta de 3,2% em relação ao mesmo período de 2005, segundo a Pesquisa Conjuntural do Comércio Varejista (PCCV) da Fecomercio (Federação do Comércio de São Paulo). A entidade espera que o setor acompanhe o PIB e encerre 2006 com um desempenho que dificilmente será superior a 4%.
O presidente da Fecomercio, Abram Szajman, explica que a elevada taxa de juros impede um crescimento robusto do comércio. “Nos últimos doze meses, o índice de crescimento acumulado das vendas reais flutuou num intervalo bastante estreito, entre 2,5% e 3,5%, sinalizando para um limite de expansão do comércio. O elevado custo dos empréstimos representa um freio de mão puxado para a economia brasileira”, declara Szajman.
Levantamento da Fecomercio verificou que, entre janeiro e junho de 2005, a taxa média de juros cobrada das pessoas físicas e jurídicas era de 55,5% ao ano. No primeiro semestre deste ano, caiu para 52,8%. Entretanto, descontada a taxa de inflação oficial (IPCA), verifica-se que, apesar de os juros nominais terem caído, os juros reais aumentaram de 44,5% para 45,6% no mesmo período.
Ao analisar os resultados do primeiro semestre do ano, a Fecomercio constatou que, dos nove segmentos pesquisados, quatro cresceram em relação ao mesmo período de 2005: vestuário, tecidos e calçados (13,1%), farmácias e perfumarias (7,2%), supermercados (6,3%) e materiais de construção (2%); quatro registraram queda, eletrodomésticos e eletrônicos (13,1%), móveis e decoração (8,3%), concessionárias de veículos (3,6%) e lojas de departamento (3%). Apenas um se manteve estável: lojas de autopeças e acessórios (0,5%).
Pelo peso relativo na composição da pesquisa, supermercados impulsionaram o resultado geral das vendas do semestre. O segmento se beneficiou do aumento da renda dos brasileiros que, segundo dados do IBGE, cresceu 5,6% na média dos meses de janeiro a junho deste ano, relativamente ao mesmo período de 2005. Resultado que pode até ser considerado mais positivo para o desempenho do comércio do que a queda de 11,2% para 10,3% no nível de desemprego.
A confiança do consumidor e a expansão do crédito também colaboraram para o desempenho do comércio. No semestre, o Índice das Condições Econômicas Atuais (ICEA) da Fecomercio subiu 6% em relação ao mesmo período de 2005, refletindo a satisfação do consumidor com a estabilidade nos cenários interno e externo e com os bons fundamentos da economia brasileira. Quanto ao crédito, cresceu 16% frente ao mesmo período do ano passado, ultrapassando os R$ 240 bilhões em 2006. Szajman acredita ser pouco provável que ocorram mudanças significativas no cenário. “A inflação deve continuar sob controle, permitindo um ganho real no poder de compra, e o crédito tende a manter a trajetória de crescimento, apesar dos juros cobrados serem excessivamente elevados”, completa.