Um momento que pode abalar a estrutura e crescimento das empresas familiares é a hora da sucessão. Muitos herdeiros até são treinados durante a vida para isto, mas nem sempre têm interesse em continuar o projeto dos pais ou não possuem qualquer vocação para continuá-lo. Pesquisas recentes afirmam que os resultados das empresas dirigidas por herdeiros eram piores do que das empresas dirigidas por profissionais qualificados da área.
De acordo com Fábio Bartolozzi Astrauskas, diretor da Siegen, empresa de consultoria especializada na recuperação de empresas em crise financeira, a falta de um programa de profissionalização é um dos principais fatores que impede que as empresas de natureza familiar se perpetuem no país. “Administração familiar é, na verdade, um rótulo. Isso não quer dizer, necessariamente, que a empresa familiar é administrada por pessoas da mesma família. O ambiente tipicamente familiar ocorre quando as práticas adotadas pela diretoria daquela empresa são práticas que nós podemos identificar no ambiente da nossa casa, independentemente dos executivos serem parentes ou não”, completa o especialista.
Quando a empresa familiar atinge um determinado porte é absolutamente imprescindível e compensatória a reestruturação de suas atividades. Segundo pesquisa realizada com os associados do DHO (Departamento Humano Organizacional), 58% afirmam que têm a intenção de fazer o processo de sucessão familiar; 46% dizem que a empresa não está preparada para tal fato; 50% dizem que os sucessores estão despreparados para assumir a empresa; 42% dos herdeiros querem assumir a empresa e em 61% das empresas não existe um plano formal de preparação do sucessor.
É recomendável que esta sucessão seja planejada antes que o fundador deixe de administrar a empresa ou faleça. É uma decisão que deve ser tomada com a participação e a conscientização de todos os familiares envolvidos para que não prejudique a empresa no futuro. Quando os descendentes não apresentam as características dos primeiros empreendedores, passam a existir choques relativamente às atitudes tomadas com sérios prejuízos ao processo de gestão.
Deve-se ainda ter em mente que apesar de ser uma empresa familiar, os assuntos e problemas não devem ser misturados, pois isto prejudica não só o andamento dos negócios, mas também o relacionamento com os concorrentes. “O ambiente tipicamente familiar deve ser encarado como isso: não levar os assuntos da empresa para casa e, a pauta de reuniões da empresa, não deve ser desviada para assuntos pessoais durante reuniões ou no ambiente de trabalho”, enfatiza o diretor da Siegen. Segundo Fábio, esta prática de não misturar os assuntos é adotada e incentivada por empresas multinacionais, “mas é muito difícil, pois a personalidade do brasileiro é muito quente, e tem muito envolvimento emocional, envolvimento emotivo”.
A opinião e a vontade do herdeiro também deve ser levada em conta. Contratar um profissional qualificado para o cargo pode ser uma opção mais viável e lucrativa para a empresa caso o sucessor não tenha aptidão para os negócios.