Como gostar do não



Autor: Marcelo Ponzoni

 

O grande anseio de todos nós é ouvir o sim, mas, para cada sim, a média de nãos chega a 30 vezes, isso quando colocado de maneira geral, e para todos os assuntos que nos rodeiam. Há uma grande resistência mesmo à possibilidade de receber um não, e esta pode ser uma das maiores falhas do ser humano. Refiro-me aqui principalmente àquele não que se refere ao fato de não gostar de ser contrariado, de não gostar de assumir os erros, de não reagir positivamente às críticas, em especial àquelas que nos agridem, mas que, na maioria das vezes, têm um fundo de verdade.

 

O não, tenho de convir, é péssimo. Não conheço ninguém que goste dele e acredito mesmo que nossa resistência a ele já vem da infância – aliás, esta é uma das palavras mais proferidas por nossos pais. Contudo, sem ele não teríamos limites nem questionamentos, não iríamos parar para repensar posições, nem daríamos a importância real ao valor do sim.

 

As reações ao não costumam variar de pessoa para pessoa, mas, dentro do grupo, nosso comportamento é avaliado pela referência estabelecida principalmente pela liderança e por todos os que expressam capacidades de liderança – aqueles que são queridos dentro dos grupos. Assim, todo e qualquer comportamento que esteja fora dos padrões que o próprio grupo estabeleceu acaba sendo visto com maus olhos, provocando, dessa forma, algumas percepções que, com certeza, não são aquelas que a pessoa pensou ter gerado. Como, quando logo que proferida, a palavra não causa nas pessoas uma resistência natural, tanto das lideranças quanto dos grupos, deve haver um grande esforço para que seja criar uma cultura onde o não, em vez de resistência, desencadeie reação de atenção: ou de procurar repensar nossas próprias atitudes ou de procurar tentar ouvir as razões do outro.

 

Esse é um assunto que eu considero dos mais importantes na formação, na conduta, na percepção e na construção pessoal e corporativa de uma pessoa, por isso, embora não goste de dar conselho, se eu tivesse que dar um, eu diria: Comece a gostar do não e preste muita atenção às suas reações diante dele. Porque no não mora uma das maiores fontes de aprendizado.

 

Marcelo Ponzoni proprietário-fundador e diretor executivo da agência Rae,MP. ([email protected])

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