1 – O processo do endividamento em todas as situações tem seu início quando você passa a recorrer a empréstimos para complementar seus compromissos. Enquanto a pessoa tem crédito fica criando dívidas para pagar dívidas. PARE enquanto há tempo porque você simplesmente está piorando cada vez mais sua situação…
2 – Se estiver pagando apenas o valor mínimo do cartão de crédito por meses e meses, você está praticamente jogando dinheiro fora. Seu débito nunca diminui e este dinheiro representa juros das administradoras. O correto é abrir mão do cartão, suspender o pagamento do valor mínimo e negociar o pagamento do valor total em prestações fixas para liquidar o débito.
3 – No início as administradoras dificultam bastante, falam que você tem de continuar a pagar pelo menos o valor mínimo, etc. Entretanto, a partir do segundo mês sem receber, o chamado valor mínimo, eles mesmos, em outra fase da cobrança, apresentam proposta de parcelamento do valor total.
4 – Quando negociar qualquer dívida, nunca aceite a primeira proposta que lhe apresentam, procure sempre barganhar mais. Se eles oferecem dividir em seis meses, por exemplo, peça para dividir em 20 vezes. Claro que de imediato eles também não vão aceitar, mas pode ficar em 15 ou 12 meses.
5 – Dívidas com agiotas, não se deixe intimidar. Eles gostam muito de agir desta forma, mas agiotagem é crime e se você registrar uma queixa policial, certamente o quadro se modificará bastante a seu favor. Os agiotas são metidos a valentes, mas são inteligentes. Eles sabem que estão praticando uma ilegalidade.
6 – Faça uma reavaliação em seu orçamento. Procure restabelecer com total prioridade as despesas da subsistência de sua família. Pague primeiro seu condomínio, escola, aluguel ou prestação do imóvel, telefone, energia, etc. Seja a situação que você estiver, sem o mínimo de condição para sustentar sua família, você não vai poder resolver o problema de mais ninguém.
7 – Verifique quanto você ganha por mês e o total dos seus débitos. Separe o valor para manter sua subsistência e o que sobrar é para pagar dívidas.
8 – Procure resolver primeiro os débitos que envolvam nomes de outras pessoas. As compras que você fez com fiadores ou em nome de alguém merecem prioridade para limpar o nome da pessoa e recuperar a confiança que você recebeu.
9 – As contas de valores pequenos podem também ser eliminados com prioridade.
10 – Modifique seus “hábitos de consumo” e de sua família, caso contrário você vai voltar a cometer os mesmos erros. Em fase de crise economizar é a palavra de ordem. Consumo de telefone, energia, despesas supérfluas têm de ser eliminados. Para gastar todo mundo é solidário, entretanto na hora do endividamento apenas um ou o casal assume a responsabilidade. Lembre-se: “um pequeno vazamento pode afundar um grande navio”.
11 – Você sempre pode recorrer aos Juizados de Defesa do Consumidor de sua Cidade para ajudá-lo a negociar os seus débitos. Muita gente pensa que por estar devendo não tem o direito de fazer uma queixa contra seu credor. Pode sim, seja bancos, administradoras de cartões, financeiras, etc. Os motivos das queixas são os juros absurdos que sempre cobram, dificuldades quanto ao valor da prestação renegociada que você pode pagar, cópias de pedido ou contratos que quase nunca lhe são entregues. Pressão abusiva com telefonemas e recados inconvenientes a vizinhos, etc.
12 – Caso não tenha juizado de Defesa do Consumidor ou Procon em sua cidade, a queixa pode ser registrada na localidade mais próxima ou na capital do seu Estado.
13 – Ao fazer a queixa, leve os dados corretos. Nome completo da empresa que você tem o débito, endereço completo, explique como foi originado o seu problema, qual o valor envolvido, quantos meses, quanto já pagou, enfim, procure apresentar o máximo de informações para facilitar no momento do registro da queixa.
14 – Procure ter um exemplar do Código de Defesa do Consumidor, você pode adquirir em qualquer livraria. Leia os artigos que envolvam assuntos sobre “Dívidas” para que você, na audiência de conciliação que vai ser gerada com a queixa, tenha firmeza em sua defesa. Autoridade é quem tem conhecimentos!
15 – Claro que o endividamento tem como maior responsável a difícil situação econômica do nosso País. Juros impagáveis e tudo mais, todavia, não podemos jogar a culpa apenas nisso. Você também cometeu seus erros, se deixou levar muitas vezes pelas facilidades de comprar a crédito, nunca fez orçamento para comparar seus gastos e agora precisa refletir para corrigir os erros cometidos. Todos têm o direito e a obrigação de pagar seus débitos, mas também têm o direito de se restabelecer, a curto, médio ou longo prazo, com dignidade para voltar a ser um consumidor consciente.
Emanuel Gonçalves é diretor da EGS Consultoria Empresarial Ltda., especialista em Negociação de Dívidas, autor do livro “Como Negociar Dívidas” e criador do site SOS Dívidas – www.sosdividas.com.br.