Artigo: Fábio Uehara
O termo fair trade a princípio parece complicado e difícil de entender. Mas, nada mais é, do que uma forma de escolher o que consumir respeitando valores que vão além do valor monetário. A evolução da sociedade é comumente avaliada através do aumento do nível de consumo. No entanto, isso não representa melhora na qualidade de vida. Infelizmente, esse critério é sempre confundido, fazendo com que valores humanos sejam substituídos por marcas efêmeras e produtos insignificantes.
Para ter acesso ao mercado, muitas empresas aumentam a escala de produção e criam uma demanda desnecessária, fazendo com que a sociedade consuma mais do que precisa. Utilizando recursos naturais e humanos como se fossem infinitos, sem lhes dar o devido valor. Uma alternativa relativamente recente para este problema foi a criação selos e certificações que protegem a origem e o processo de produção de diversos produtos, de frutas até roupas. No entanto, o que muitos não sabem, é que esses selos, apesar de garantirem a origem e o processo produtivo, acabam se tornando uma barreira para os pequenos produtores que não tem como arcar com os altos custos para obter tal certificação.
A moda reflete muito bem essas confusões de valores versus preços. Por exemplo, hoje no Brasil somos pressionados a consumir roupas sem levar em consideração a nossa identidade e biótipo. Seguimos uma tendência inventada pela grande indústria e disseminada pela mídia de massa. E ainda por cima, a produção em massa – feita com o intuito de garantir preços “acessíveis” – gera inúmeros problemas trabalhistas, ambientais e sociais.
Como resolver problemas tão complexos? Uma solução simples seria adotar o fair trade, que nada mais é do que voltarmos no tempo. Ou seja, produzir e consumir localmente. Para continuar a usufruir de uma sociedade globalizada e ainda produzir de maneira sustentável, precisamos pensar em formas inovadoras e criativas de produção e consumo.
Fábio Uehara é sócio-fundador do LAB Fashion