Autor: Marcelo Rezende
Cerca de 2,2 milhões de terabytes – o suficiente para armazenar 88 milhões de filmes em qualidade Blu-Ray – é a quantidade de novos dados criados todos os dias no mundo, segundo o Gartner. Esse número deve crescer para 40 trilhões de terabytes diários até 2020. Bem-vindo à era do Big Data.
Toda essa explosão de informações tem deixado as empresas de cabelo em pé e a busca por pessoas capazes de extrair, analisar e gerar insights a partir desses dados só cresce. Uma grande oportunidade de carreira para muita gente, certo? Só há uma questão… Em um mercado novo e em franca expansão, como alguém pode se tornar um profissional de dados?
O primeiro passo é acabar com o mito de que apenas pessoas que vieram da tecnologia podem trabalhar com isso. Uma equipe multidisciplinar é essencial para entender o que os números e informações querem dizer. Diversas profissões, como geógrafos, estatísticos, cientistas sociais, jornalistas – e também o profissional de tecnologia – podem atuar com análises visuais.
Mais importante que a formação é ter interesse por dados. O que nos leva ao próximo ponto: o perfil dessas pessoas. Sem gostar de números, análises e estatísticas fica impossível trabalhar com analytics. A curiosidade e a desconfiança também são essenciais. Afinal, o que parece óbvio nem sempre é verdade. Outra característica de destaque é a facilidade em montar e visualizar gráficos para apoiar as percepções. Não basta ter informações organizadas e bem geridas, se elas não podem ser visualizadas de forma simples e intuitiva. Algumas pesquisas, por exemplo, indicam que o cérebro processa imagens 60.000 vezes mais rápido do que textos e que 90% das informações transmitidas ao cérebro são visuais.
Muito além do cientista de dados
Lembra o que falamos sobre um time multidisciplinar? O profissional de dados não trabalha sozinho. Há uma equipe e diferentes papéis que se adaptam aos mais diversos perfis. Os cientistas de dados, por exemplo, são os responsáveis por receber a massa de informações, organizá-la, limpá-la e deixar tudo pronto para a análise. Essa é a função mais conhecida e a que, normalmente, exige um profissional de TI.
Já o analista de dados não precisa conhecer os algoritmos com profundidade. Sua capacidade gira em torno de descobrir como os dados podem ser usados para responder perguntas e resolver problemas – a partir daí o cientista o apoia com toda a programação. Não precisa, necessariamente, ser de tecnologia para isso, não é?
O analista de negócios, por sua vez, tem a função de descobrir, dentro da corporação, os problemas que podem ser solucionados por meio dos dados. A partir daí, ele consegue apoiar as áreas de negócios na implementação e uso constante dessas análises de forma estratégica. Aqui, é essencial ser alguém com perfil de negócios e com facilidade para se relacionar com todos.
Para quem ainda não tem uma formação e quer se tornar um profissional de dados, a dica é investir na carreira de estatístico. Todos os conceitos por trás do analytics giram em torno dos fundamentos da estatística, por isso essa é a graduação que mais se aproxima dos três perfis que comentei acima. Além de ter sido apontada como a melhor profissão em 2017 nos EUA pela CareerCast, a tendência é que ser estatístico se torne uma formação de destaque aqui no Brasil também.
Se você já tem outra formação, ou não planeja entrar na universidade agora, há cursos livres e muito material online para quem já tem uma carreira e deseja se especializar em dados. Afinal, esse mercado ainda vai crescer muito além dos 40 trilhões de terabytes diários e precisará de pessoas capacitadas. Quer investir nisso? Agora é a hora.
Marcelo Rezende é country manager da Qlik no Brasil.