Ainda que o cenário econômico atual não seja o melhor momento para gastos supérfluos, muitos brasileiros têm o costume de viajar para o exterior e comprar produtos de marca ou que são mais caros no Brasil. Três em cada dez (28%) dos entrevistados, de classes A, B e C, compraram produtos considerados de luxo em viagens ao exterior. Segundo dados levantados pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil).
Na pesquisa, 43% afirmam já ter viajado para fora do país, sendo que o dado aumenta entre os homens (48%), entre pessoas de classe A e com escolaridade superior (77% e 69%, respectivamente). Foi identificado que 15% das pessoas viajam para outro país pelo menos uma vez por ano. Considerando apenas as pessoas que já viajaram para fora, 67% compraram produtos de luxo e, destes, 12% fizeram a viagem tendo como principal objetivo a compra desses produtos. Entre esses produtos, os itens mais adquiridos foram roupas e calçados (72%), perfumes (63%) e eletrônicos (46%).
PREÇO MENOR AINDA É DIFERENCIAL
Segundo a economista-chefe do SPC Brasil, Marcela Kawauti, muitos desses itens de luxo são comprados no exterior com preços menores. “Por conta da elevada carga tributária no Brasil, muitos consumidores preferem consumir em países onde o preço valha mais a pena, já que têm menos impostos”, diz. “Mesmo com a economia brasileira debilitada, muitos produtos ainda estão com o valor reduzido se comparado com o praticado por aqui, principalmente as roupas e alguns eletrônicos.”
A economista explica que a compra de produtos considerados de luxo por brasileiros no exterior cresceu de forma significativa nos últimos anos por conta da valorização do real e também do aumento da renda do trabalhador brasileiro, mas que esse quadro está mudando. “Com a recente valorização do dólar, que já ultrapassou a barreira dos R$ 3,00, as compras e as viagens internacionais diminuíram. De acordo com o Banco Central, os gastos de brasileiros com viagens internacionais já apresentaram queda de 20,6% entre janeiro e maio de 2015, na comparação com o mesmo período de 2014”, afirma Marcela. “De um lado, a valorização da moeda americana torna as viagens e as compras no exterior mais caras; de outro lado, a inflação no Brasil corrói o poder de compra do consumidor. Os consumidores devem ficar atentos aos preços e taxas praticadas tanto por aqui, quanto no país de destino”, alerta.
Para a pesquisa, em fevereiro e março de 2015, foram ouvidas 945 pessoas com idade igual ou superior a 18 anos, de ambos os sexos e pertencentes às classes A, B e C, nas 27 capitais. A margem de erro é de 3,2 pontos percentuais com margem de confiança de 95%.