Confiança da classe AB também está abalada

Pela primeira vez desde sua implantação, em 2005, o Índice Nacional de Confiança (INC) da Associação Comercial de São Paulo (ACSP) apontou que a confiança dos consumidores brasileiros que pertencem à classe AB marcou 97 pontos em março, passando, assim, para o chamado “campo do pessimismo”, pois estava abaixo de 100 pontos. Em fevereiro o INC para essa classe foi de 110 pontos. O INC, encomendado pela ACSP ao Instituto Ipsos, varia entre 0 e 200 pontos, sendo que 200 representa o otimismo máximo. 
“A principal explicação para o maior pessimismo da classe AB é que, apesar de ela ter mais condições de enfrentar a crise, é a mais bem informada com relação ao noticiário econômico”, avalia Alencar Burti, presidente da Associação Comercial de São Paulo (ACSP) e da Federação das Associações Comerciais do Estado de São Paulo (Facesp). 
Também de forma inédita, a confiança do consumidor no Estado de São Paulo ficou em 104 pontos, no mesmo período, contra 117 em fevereiro. Foi a mais baixa da série histórica. “Isso se deve ao processo de desindustrialização no Estado – em tempos de crise, a região sofre mais, é mais sensível quando a indústria não vai bem. Fatores como as crises hídrica e energética, desemprego maior e população melhor informada também contribuíram”, explica. A pesquisa foi baseada em 1.200 entrevistas entre os dias 16 e 30 de março. A margem de erro é de três pontos. 
  
O INC registrou que a confiança do consumidor brasileiro, de um modo geral, foi de 117 pontos em março, ou seja, 11 pontos a menos em relação a fevereiro (128 pontos). Há um ano, o índice marcou 137 pontos e, há dois anos, 149 pontos. 
“Os ajustes na economia, os aumentos de tributos, preços e tarifas e a alta do câmbio provocam quedas no poder aquisitivo e na confiança da população”, diz Burti. O Nordeste foi a única região em que a confiança ficou estável, com 126 pontos em março e 125 em fevereiro. Puxado pelo Estado de São Paulo, o Sudeste apresentou a maior queda na confiança: 107 pontos em março contra 123 em fevereiro. No Sul, foram 113 pontos sobre 129 no mês anterior. E no Norte/Centro-Oeste foram 134 pontos ante 154 em fevereiro. 
  
Com a piora nas condições de crédito e mais insegurança no emprego, a confiança dos consumidores da classe C marcou 123 pontos em março, ou seja, 11 a menos do que em fevereiro (134 pontos). Na classe DE a confiança, afetada pela alta dos alimentos e da energia, foi de 121 pontos contra 130. Refletindo a piora nas condições financeiras atuais e orçamento mais apertado do consumidor, os entrevistados se mostraram mais pessimistas quanto a suas condições financeiras. De acordo com o INC, em março, 38% dos consumidores consideravam boa sua situação financeira atual contra 43% no mês anterior e 47% há um ano (março/2014). Já 30% estavam seguros no emprego em março contra 31% no mês anterior e 37% há um ano. 
Tudo isso leva a uma menor propensão a compra, o que serve de alerta para o varejo em geral. Segundo o INC, em março, 51% dos entrevistados estavam menos à vontade comprar itens de maior valor (carros, imóveis) e 23% estavam mais à vontade. Já 39% disseram estar menos à vontade para adquirir eletrodomésticos e 31% estavam mais à vontade.

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