A confiança do consumidor paulista caiu cinco pontos em agosto, em relação a julho, e chegou a 64 pontos. Já a confiança do brasileiro ficou estável em 68 pontos – mesmo resultado de julho. Os dados são do Índice de Confiança do Estado de São Paulo (IC-SP) e do Índice Nacional de Confiança (INC), ambos da Associação Comercial de São Paulo, ACSP. Eles variam entre zero e 200 pontos, sendo que o intervalo entre zero e 100 é o campo do pessimismo e, de 100 a 200, é o campo do otimismo. Em julho, o IC-SP subiu quatro pontos sobre o mês anterior e o INC caiu dois pontos.
Em agosto, o maior pessimismo do paulista e a confiança estável em patamar baixo no Brasil podem ser explicados pelo entrave para aprovação do ajuste fiscal, resultante do desentendimento entre os poderes Executivo e Legislativo. “O consumidor está vendo que a aprovação do ajuste vai demorar mais do que o esperado. E as causas disso são as questões políticas, que emperram o processo”, avalia Alencar Burti, presidente da ACSP e da Federação das Associações Comerciais do Estado de São Paulo (Facesp).
Por isso, frisa ele, de um lado cabe ao governo apressar a negociação, com o Congresso, para aprovação de projetos já encaminhados. Além de acelerar propostas faltantes. De outro lado, o Congresso precisa apreciar e aprovar rapidamente as medidas. “Finalizado o processo de impeachment, cada um precisa fazer sua parte. Só assim será possível implementar as mudanças mínimas necessárias para o ajuste, a viabilização de investimentos e o destravamento da roda da economia, o que trará a confiança de volta”, diz.
Presente e futuro
Entre os tópicos usados para compor o Índice, a avaliação sobre a atual situação financeira piorou. Na pesquisa de agosto, 54% dos entrevistados a consideraram ruim, contra 51% em julho. “Isso se deve à conjuntura macroeconômica, com juros e inflação nas alturas e salário e emprego em baixa”, explica o presidente. Por outro lado, a esperança no futuro aumentou, já que 27% dos brasileiros acham que sua situação financeira futura vai piorar – em julho, eram 31%. É um primeiro dado indicando que a situação pode melhorar.
Os demais tópicos usados para calcular o INC ficaram praticamente estáveis. Em agosto, 54% dos consumidores estavam inseguros no emprego (56% em julho). Apenas 14% estavam à vontade para comprar eletrodomésticos (13% em julho) e 9% para comprar carro ou casa (8% em julho). “O consumidor continua avesso a comprar”, afirma Burti.
Regiões
Entre as regiões, a queda mais forte da confiança foi no Sul, por conta de problemas climáticos: o INC caiu sete pontos e chegou a 56 pontos em agosto. Na contramão, a confiança do Nordeste subiu sete pontos na passagem de julho (66) para agosto (73). Por fim, no grupo de regiões Norte/Centro-Oeste o indicador ficou estável, com 72 pontos em agosto e 70 em julho. O mesmo ocorreu no Sudeste, com 69 em agosto e 71 em julho.
Classes
A confiança das classes AB e C ficaram estáveis. Na primeira, o índice marcou 60 pontos em agosto (62 em julho); na segunda, o INC foi de 65 pontos (64 em julho). Por outro lado, no grupo de classes DE a confiança cresceu três pontos – 84 em agosto contra 81 em julho – provavelmente em razão do reajuste do Bolsa Família.