A desaceleração da economia brasileira e o receio de piora na situação ainda afetam a confiança dos brasileiros. Os dados do novo Indicador de Confiança do Consumidor (ICC), medido pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL), registraram 41,9 pontos em janeiro de 2017. O resultado, abaixo do nível neutro de 50 pontos, reflete principalmente a má avaliação que os consumidores fazem do momento atual da economia.
O Subindicador de Percepção do Cenário Atual, que mede a percepção do consumidor sobre a economia e a sua vida financeira no momento da pesquisa, registrou 29,6 pontos, em janeiro. “É preciso destacar, porém, que há grande diferença entre avaliação que os consumidores fazem da economia e da própria vida financeira”, afirma a economista-chefe do SPC Brasil, Marcela Kawauti. Na avaliação do desempenho da economia, o indicador atingiu 18,1 pontos; já na avaliação da vida financeira, atingiu mais do que o dobro (41,0 pontos). “Em suma, o momento atual é ruim para a economia e isso afeta a vida financeira dos consumidores. Porém, a percepção de deterioração da economia é mais acentuada do que na vida pessoal”, avalia.
Em termos percentuais, 83% enxergam que as condições econômicas são ruins, ante apenas 1% que consideram ser boas. Para 15%, o quadro econômico atual é regular. Entre os que fazem uma avaliação negativa do estado da economia brasileira, quase metade (48%) identifica a corrupção como a principal causa da má situação. Há também 41% que apontam os sintomas da crise: 25% dizem que o desemprego está alto e 16% dizem que os preços em geral subiram.
Quanto à própria vida financeira no momento atual, 39% dos entrevistados fazem uma avaliação negativa. Os que a consideram regular constituem maioria, alcançando quase metade da amostra (46%), enquanto 14% a consideram boa. Entre os que avaliam mal a vida financeira, 35% apontam o desemprego como a causa principal. Em seguida, 32% dizem estar com dificuldades para pagar as contas e com o orçamento apertado; 14% apontam a queda da renda familiar, que levou à redução do consumo, e 11% dizem estar atrasando o pagamento de dívidas.
PERSPECTIVAS
A percepção dos consumidores sobre como serão os próximos seis meses para a economia e para sua vida financeira também foi analisada e ficaram em patamar acima das condições atuais. Em janeiro, o Subindicador de Expectativas registrou 54,2 pontos, acima do nível neutro e puxado pelas perspectivas que os consumidores têm sobre a própria vida financeira. Nesse quesito, o dado alcançou 63,2 pontos. Já no quesito da economia, os consumidores mostraram-se mais cautelosos e as expectativas marcaram 45,1 pontos. Segundo a economista-chefe, o resultado mostra que, apesar de estarem diante de uma situação claramente ruim, os consumidores demonstram certo otimismo quando se trata do futuro, na comparação com o presente, e de maior otimismo quando se trata da condição pessoal, na comparação com a economia. Em termos percentuais, a maioria relativa (38%) diz não estar nem pessimista nem otimista com o futuro da economia. Já os pessimistas somam 36% e os otimistas, 22%. Já quando se trata das expectativas com a vida financeira, 59% diz estar otimista. Um quarto (25,5%) diz não estar nem otimista nem pessimista e 14% têm expectativas ruins ou muito ruins.
ALTO CUSTO DE VIDA
O Indicador de Confiança do Consumidor também investigou os reflexos da Conjuntura Econômica na vida dos brasileiros. Os dados mostram que o que mais pesa na vida dos brasileiros é o custo de vida, citado por 59%. Comumente ouvida, a expressão “custo de vida” traduz a dificuldade de se manter o padrão de consumo. O desemprego aparece em seguida, com 19% das menções, seguido pelo endividamento, mencionado por 10%. Se o custo de vida incomoda, é nos supermercados que os consumidores mais percebem o aumento dos preços: 62% têm essa percepção na comparação com dezembro. Há também 55% que sentiram aumento nas contas de energia elétrica. Nas tarifas de telefone, preço de roupas e de itens de bares e restaurante, essa percepção foi menos acentuada.