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Confiança no pessimismo

O Índice Nacional de Confiança (INC) da Associação Comercial de São Paulo (ACSP) registrou 84 pontos em julho. O que representa uma queda de 16 pontos em relação ao mês anterior. Trata-se do pior resultado desde o início da série histórica da pesquisa, em abril de 2015. Esta também é a primeira vez que o índice fica abaixo dos 100 pontos. No INC, os valores acima de 100 pontos significam otimismo. Abaixo disso, indica pessimismo dos brasileiros. A pesquisa foi realizada pelo Instituto Ipsos entre os dias 15 e 31 de julho em todas as regiões brasileiras. 
“A economia não piorou tanto de um mês para o outro. Portanto, o INC indica que, além dos fatores macroeconômicos, a crise política também tem alterado a percepção do brasileiro, que está perdendo a confiança. Os poderes precisam achar um consenso a respeito do que fazer no Brasil para superar essas crises”, analisa Alencar Burti, presidente da ACSP e da Facesp (Federação das Associações Comerciais do Estado de São Paulo). Em julho de 2014, o INC marcou 144 pontos – 60 a mais do que agora. Em 2015, a série apresenta os seguintes valores: 137 (jan), 128 (fev), 117 (mar), 103 (abr), 105 (mai), 100 (jun) e 84 (jul).
REGIÕES E CLASSES SOCIOECONÔMICAS
Também foi a primeira vez que a confiança de todas as regiões brasileiras e todas as classes socioeconômicas ficaram no campo do pessimismo. Diferentemente dos outros meses de 2015, em julho o Sul foi a região que anotou a menor nota: 67 pontos, sobre 100 pontos em junho. Essa queda acentuada pode ser explicada pelos eventos climáticos adversos – que têm prejudicado a economia local – e pela situação das finanças no Rio Grande do Sul. Nas demais áreas foram registrados: 83 pontos no Sudeste (90 em junho), 90 no Norte/Centro-Oeste (109 em junho) e 93 no Nordeste (111 em junho).
A classe AB continuou sendo a mais pessimista em julho, com INC de 75 pontos ante 81 no mês anterior. A classe C marcou 85 pontos (103 em junho) e a DE assinalou 89 pontos (ante 109) – essas parcelas da população são mais sensíveis às elevações dos preços e da taxa de desemprego. “Apesar de ter mais condições de compra, a classe AB é a mais pessimista. Então, realmente não é apenas uma questão econômica que está afetando os consumidores brasileiros. Há um fator político que está pesando muito. E isso contribui para aumentar a incerteza”, ressalta Burti.
PERCEPÇÃO DO CONSUMIDOR
Quando questionados se sua atual situação financeira é ruim, 49% dos entrevistados responderam afirmativamente. Em relação às perspectivas futuras, 34% disseram acreditar que sua situação financeira vai melhorar – há um ano eram 48%. Por outro lado, 32% acreditam que irá piorar, contra 13% há um ano. Já sobre a segurança no emprego, os resultados são de piora: em julho, 53% dos entrevistados estavam inseguros no emprego ante 18% seguros. “Esse aumento coincide com os números de desemprego do IBGE”, ressalta o presidente da ACSP.
Por conta de tudo isso, apenas 18% dos entrevistados se disseram mais à vontade para comprar eletrodomésticos e 60% menos à vontade. Quando se avaliou a intenção de comprar bens de maior valor (casas e automóveis), os resultados foram parecidos: 14% mais à vontade e 66% menos à vontade. “As pessoas não querem se endividar porque temem perder o emprego a qualquer momento, até mesmo porque cresce o número de conhecidos que estão sem trabalhar. Acima de tudo isso, estão os juros mais altos e a concessão mais rigorosa de crédito”, comenta Burti.

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