O crescimento de apenas 1,1% no número de consultas ao Serviço Central de Proteção ao Crédito (SCPC) da Associação Comercial de São Paulo (ACSP) revela que o movimento das vendas de bens duráveis foi fraco na primeira quinzena de janeiro deste ano em relação ao mesmo período de 2005, apesar das fortes promoções feitas pelo comércio. Para o presidente da ACSP, Guilherme Afif Domingos, o desânimo do consumidor em relação às compras a prazo demonstra a preocupação com o desaquecimento da economia, a permanência da crise política e o ritmo excessivamente lento da queda das taxas de juros, apesar da desaceleração da inflação.
As consultas ao UseCheque, que se referem às vendas de menor valor, cresceram 7,3% na primeira quinzena sobre o mesmo período de 2005, mantendo o ritmo do final de 2005. “Isso ocorreu em parte pelas liquidações antecipadas e também pelo clima favorável que podemos observar”, explica Afif Domingos.
Quanto à inadimplência, o presidente da ACSP esclarece que os dados de janeiro ainda não refletem o impacto do maior volume de vendas de dezembro. “Perceberemos qualquer alteração sobre a inadimplência ocorrida com as compras feitas no fim do ano somente a partir de março. Por enquanto o aumento dos números de registros recebidos e cancelados está dentro do esperado”, explica.
Política monetária – Afif Domingos afirma que o Comitê de Política Monetária (Copom), na próxima reunião, deve levar em conta o bom comportamento dos índices de inflação e, principalmente, a desaceleração que vem ocorrendo no varejo. Caso contrário, alerta que os juros altos certamente afetarão o já fraco desempenho da produção industrial.
“Surpreende que muitos analistas comecem a falar em redução de apenas 0,5% da Selic este mês, o que significaria um recuo em relação às decisões anteriores, uma vez que o intervalo das reuniões do Copom será agora de 45 dias. Parece que interessa a alguns setores justificar a manutenção da política monetária excessivamente conservadora por meio da criação de um círculo vicioso: o mercado projeta a redução mínima da Selic. O Banco Central se baseia nas expectativas do mercado para tomar sua decisão; a qual, por usa vez, forma as expectativas do mercado para a próxima reunião”, critica.
O presidente da ACSP frisa a necessidade do Banco Central manter a inflação sob controle, sem descurar, contudo, dos custos da política monetária. “Embora seja necessário um esforço fiscal mais intenso para dar respaldo à política monetária, entendemos haver espaço para uma redução maior da Selic sem colocar em risco o controle da inflação”, analisa Afif Domingos.