Cresce intenção de consumo das famílias paulistanas

Enquanto a economia dá sinais de descolamento com a política, pelo menos por enquanto, e permanece no rumo do crescimento, o nível de desemprego, ainda elevado, parece impedir um aumento mais consistente do consumo das famílias paulistanas. É o que revela o Índice de Intenção de Consumo das Famílias (ICF), que voltou a subir em julho ao atingir 78,2 pontos, 0,6% superior aos 77,7 pontos registrados em junho. Na comparação com o mesmo mês do ano passado, houve forte crescimento de 20,2%, quando o ICF se situava em 65 pontos. O ICF é apurado mensalmente pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP) e varia de zero a 200 pontos, sendo que abaixo de 100 pontos significa insatisfação e acima de 100, satisfação em relação às condições de consumo.
Dos sete itens analisados pelo ICF, cinco registraram pontuações superiores às de junho. O item que mais evoluiu foi o Momento para duráveis, que passou de 52,9 pontos em junho para 55,2 pontos em julho, alta de 4,4%. Apesar de subir pelo terceiro mês consecutivo, o patamar de insatisfação ainda é elevado, já que são 70% dos paulistanos que consideram um mau momento para compra de bens como geladeira, TV, fogão etc. Uma melhora em relação há um ano, quando esse porcentual era de 79%. Na comparação com julho do ano passado, o indicador avançou 42,8%.
 
Os dois itens relativos ao consumo também apresentaram elevação expressiva no mês, com destaque para o Nível de consumo atual, que subiu 4,2% na comparação com junho, passando de 50,2 para 52,3 pontos. Foi a terceira alta mensal consecutiva, porém, continua sendo o item com a mais baixa avaliação do ICF. Para 58% das famílias da capital paulista, o nível de consumo atual está mais baixo comparando com o mesmo período de 2016. Há 12 meses, esse porcentual era de 70%, e o índice estava em 36,9 pontos. Na comparação com o mesmo mês de 2016, o nível de consumo apresentou crescimento de 41,9%.
 
Para os próximos meses o quadro, porém, é menos pessimista. O item Perspectiva de consumo permaneceu tecnicamente estável, com leve variação de 0,6% em relação a junho, atingindo 74,4 pontos. Pouco menos da metade (47%) diz que o consumo de sua família e da população em geral tende a ser menor nos próximos meses. Em julho do ano passado, os que responderam negativamente foram 62%. Em relação ao mesmo mês de 2016, houve crescimento de 41,1%.
 
Essa melhora relativa dos itens de consumo está relacionada à evolução da renda e também à menor dificuldade na obtenção de crédito. O item Renda atual atingiu 88,2 pontos, elevações de 1,2% em relação a junho e de 22,5% no contraponto anual.  
Já em relação ao financiamento de consumo, o item Acesso ao crédito registrou leve crescimento de 0,7% e alcançou 75,7 pontos. Na comparação com o mesmo mês de 2016, o avanço foi de 21,8%. Houve uma melhora de 10 pontos porcentuais (p.p.) na avaliação de que está menos difícil a obtenção de financiamento para compras a prazo – 47% agora, contra 57% dos entrevistados no ano passado. Parte da melhora está relacionada à redução de juros para os consumidores, que, segundo o Banco Central, em maio, a taxa média de mercado foi de 63,8% ao ano (a.a.), contra 72,1% a.a. no mesmo mês do ano anterior.
 
Por fim, os dois itens relacionados a emprego ficaram tecnicamente iguais. O item Emprego atual ficou estável em relação a junho e permaneceu com 100,9 pontos, e o item Perspectiva profissional caiu 3% e atingiu os 100,7 pontos. Essa pontuação, na casa dos 100 pontos, significa área de indiferença, ou seja, o porcentual de respostas positivas se igualou ao de negativas. Mas o que leva certo receio, segundo a Federação, é a queda de quase 11% do item Perspectiva profissional nos últimos quatro meses, ou seja, houve uma redução de otimismo em uma possível melhora profissional do responsável pelo domicílio nos próximos seis meses.

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