O custo de vida na Região Metropolitana de São Paulo subiu 0,34% em junho na comparação com maio. Sendo o segmento de Alimentação e bebidas, que possui representatividade média de quase 23% no orçamento das famílias o maior responsável pelo aumento. Com isso, a alta no custo de vida no primeiro semestre do ano foi de 4,41% e de 9,64% no acumulado dos últimos 12 meses. Os dados são da pesquisa Custo de Vida por Classe Social (CVCS), realizada mensalmente pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP).
Nos seis primeiros meses de 2016, os setores de Saúde (8,46%) e de Alimentação e bebidas (5,66%) foram os principais motivadores da alta no custo de vida. Em junho, os dois segmentos apresentaram elevação de 0,87% e 1,03%, respectivamente. Outros grupos que também contribuíram para a alta do CVCS foram Habitação (0,47%) e Artigos do lar (0,89%), que também assinalaram elevação em seus preços médios no contraponto com maio.
As classes E e D foram as que mais sentiram os aumentos nos preços em junho, com altas de 0,72% e 0,68% em seus custos de vida, respectivamente. Essas faixas são justamente as que mais comprometem seu orçamento com alimentação, chegando a representar cerca de 28% do CVCS. Já as classes A e B foram menos impactadas pela alta dos preços e encerraram junho com variação positiva de 0,16% e 0,23%, respectivamente. Para essas duas últimas faixas de rendimento, o peso do segmento de alimentação é, em média, de 17%.
IPV
Pelo 22º mês consecutivo, o Índice de Preços no Varejo (IPV) registrou crescimento. Ou seja, já são quase dois anos de altas em produtos que têm peso médio de, aproximadamente, 51,5% para o orçamento das famílias paulistanas. Com tal desempenho, esses itens respondem por cerca de 93% da variação total do CVCS no mês. Em junho, a alta registrada no IPV foi de 0,62%, ante 0,34% de maio. Em 12 meses, o índice acumula aumento de 10,46%.
O segmento de Alimentos e bebidas foi o que mais cresceu em junho, com alta de 2,01%. Entre as dez maiores elevações no IPV no mês, nove são de produtos alimentícios: feijão carioca (36%), batata inglesa (10,86%), alface (9,21%), leite longa vida (9,16%), chocolate em barra e bombom (5,95%), melancia (4,12%), salmão (3,85%), ovo de galinha (3,57%) e sardinha (3,56%). No caso dos produtos in natura, segundo a FecomercioSP, as condições climáticas desempenham papel relevante para o desempenho das safras e, consequentemente, para a formação dos preços finais. O clima afetou também a agricultura irrigada, que, por conta dos maiores custos de produção, sofreu desestímulo, e a área plantada diminuiu, migrando para outras lavouras.
O segundo maior impacto foi registrado no grupo de Artigos de residência, com elevação de 1%. No acumulado dos últimos 12 meses, houve alta de 11,5% no segmento. Os principais aumentos em junho foram observados nos itens móvel para sala (2,18%), cortina (1,50%), flores naturais (1,48%) e roupa de banho (1,41%).
As mais atingidas pela alta dos preços em junho, com variações de 1,08% e 1,06%, respectivamente, foram as classes E e D. Por outro lado, as classes A (0,11%) e B (0,40%) foram as menos afetadas.
IPS
O Índice de Preços de Serviços (IPS) registrou aumento de apenas 0,04% em junho, ante a alta de 1,40% em maio. O leve acréscimo foi motivado pelo recuo de segmentos importantes, como Transportes (-1,10%), Alimentação e bebidas (-0,41%), Despesas pessoais (-0,36%) e Artigos de residência (-0,61%). Já os grupos que apresentaram maiores elevações nos preços foram Habitação (0,71%) e Saúde (1,21%).
As famílias das classes A e E foram as que mais sentiram as altas dos preços de serviços em junho (variações de 0,21% e 0,16%, respectivamente). Por outro lado, as classes C e B foram as que menos sofreram com o avanço dos preços de serviços, com altas, respectivamente, de 0,03% e 0,07% no mês.
Segundo a FecomercioSP, na primeira metade de 2016, os preços na Região Metropolitana têm se mantido com uma tendência de alta, que gradativamente dá sinais de trégua, especialmente por conta do aumento na dispersão de quedas em todos indicadores envolvidos (IPV e IPS).
Os preços dos alimentos (especialmente os in natura e os derivados lácteos), de acordo com a Entidade, ainda podem se elevar por conta da queda das temperaturas e da ocorrência de chuvas em algumas regiões. Mesmo havendo uma sinalização de que as altas deverão ser mais modestas na segunda metade do ano deve-se destacar a alta representatividade deste grupo, que compromete cerca de um quarto do orçamento doméstico.