Em junho, o Índice do Custo de Vida no município de São Paulo aumentou 0,45% em comparação com maio. Segundo cálculo do Dieese, Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos. Pelo segundo mês consecutivo, o índice por estrato de renda indicou que a maior alta (0,82%) foi registrada para as famílias com renda mais baixa ou pertencentes ao estrato 1 (que possuem renda média de R$ 377,49). Para as famílias do estrato 3 (renda média = R$ 2.792,90), com maior renda, o impacto foi menor: 0,26%. Já para as do estrato intermediário (renda média de R$ 934,17), a taxa foi de 0,64%.
Para o índice geral, os grupos que registraram as maiores taxas em junho foram Alimentação (1,14%) e Habitação (0,52%), que juntos contribuíram com 0,47 ponto percentual (p.p.) no índice final. Já a diminuição no grupo Transporte de -0,48% resultou em impacto de -0,07 p.p. na taxa de junho. O grupo Habitação subiu 0,52%, devido ao reajuste do subgrupo operação do domicílio (0,73%). Ainda influenciado pela alta da tarifa de água (1,98%), ocorrida em meados de maio, e ao aumento nos serviços domésticos (1,44%). Já o subgrupo conservação do domicílio variou 0,30% e o locação, impostos e condomínio, 0,19%.
Apesar do menor ritmo de redução, as quedas do álcool (-1,90%) e da gasolina (-1,19%) foram as responsáveis pela diminuição do subgrupo transporte individual (-0,71%). E, consequentemente, do grupo Transporte (-0,48%), uma vez que o transporte coletivo não variou. Já as taxas dos subgrupos da Alimentação (1,14%) foram as seguintes: indústria alimentícia (1,33%), produtos in natura e semielaborados (1,32%) e alimentação fora do domicílio (0,45%). A desagregação dos itens que compõem o subgrupo produtos in natura e semielaborados (1,32%), incluídos nos gastos com Alimentação (1,14%), revelou o seguinte comportamento: grãos (18,58%); hortaliças (2,95%); leite in natura (1,54%); aves e ovos (1,18%); raízes e tubérculos; carnes; legumes; frutas (-5,05%).
Em junho, os produtos que registraram aumentos mais expressivos no subgrupo indústria da alimentação (1,33%) foram: leite longa vida integral (14,87%), muçarela (7,60%), café em pó (4,20%), leite em pó (3,67%) e refrigerantes (1,45%). A queda mais significativa foi anotada na cerveja (-1,58%). As altas no subgrupo alimentação fora do domicílio (0,45%) ocorreram da seguinte forma: refeições principais (0,24%) e lanches matinais e vespertinos (0,73%).
Índices por estrato de renda
Além do índice geral, o Dieese calcula mais três indicadores de inflação, segundo tercis da renda das famílias paulistanas. Em junho, a inflação foi maior para as famílias com rendimentos mais baixos, incluídas no estrato 1 (0,82%). Para as famílias que possuem rendimento intermediário, a taxa ficou em 0,64%. Aquelas de maior poder aquisitivo ficou em 0,26%. Todas as taxas mostraram redução em relação ao mês anterior: para o primeiro estrato, a queda foi de -0,27 p.p., para o segundo, de -0,19 p.p., e para o terceiro, de -0,25 p.p.
Resultados da inflação nas taxas por estrato
As taxas de inflação por estrato de renda resultam da forma como as famílias distribuem os gastos, que varia segundo o poder aquisitivo e o comportamento dos preços de bens e serviços. O impacto do aumento da Alimentação fez com que o custo de vida das famílias de menor renda subisse mais: no estrato 1, a taxa foi de 1,74% e a contribuição ficou em 0,71 p.p.; para o estrato 2, a variação foi de 1,47% e a contribuição, de 0,54 p.p.; e para o estrato 3, de 0,65% e 0,18 p.p., respectivamente. Em junho, no grupo Habitação, além dos serviços domésticos, houve elevação da tarifa de água em São Paulo, uma vez que o reajuste foi aplicado em meados de maio. Com isso, as famílias do estrato 2 foram as mais afetadas: variação de 0,58% e contribuição de 0,13 p.p.; no estrato 3, a alta foi de 0,53% e o impacto de 0,12 p.p.; e no estrato 1, 0,48% e 0,11 p.p.
A redução dos combustíveis computada no grupo Transporte beneficiou mais as famílias do estrato 3, pois a queda foi de -0,52% e a contribuição de -0,08 p.p.; para o estrato 2, foi de -0,47% e -0,06 p.p. e para o 1, de -0,29% e -0,03 p.p., respectivamente.
Inflação acumulada
Entre julho de 2015 e junho de 2016, o ICV-Dieese acumulou variação de 9,05%. Nas famílias pertencentes aos estratos de renda mais baixos foram observadas as maiores taxas: 9,93% para o estrato 1; 9,52% para o 2; e, 8,59% para o 3. No ano, o índice geral foi de 4,72%. As taxas por estrato de renda apresentaram comportamento semelhante ao anual: 1º estrato, 5,55%; 2º estrato, 5,08% e 3º, 4,33%.
Comportamento dos preços em 2016
Taxas superiores ao índice geral, de 4,72%, ocorreram em quatro dos 10 grupos do ICV: Despesas Pessoais (12,06%), Educação e Leitura (7,85%), Despesas Diversas (7,46%) e Alimentação (7,14%). Para os seis grupos restantes, foram observadas variações menores: Saúde (4,70%), Recreação (3,11%), Transporte (2,81%), Equipamento Doméstico (1,64%), Vestuário (1,57%) e Habitação (0,70%). A maior taxa acumulada em 2016 é a do grupo Despesas Pessoais (12,06%), pois o expressivo reajuste de 20,43% nos cigarros determinou a alta de 20,25% para o subgrupo fumo e acessórios. Enquanto a variação de 3,88% do subgrupo higiene e beleza situou-se abaixo do índice geral (4,72%).
Os dois subgrupos da Educação e Leitura (7,85%) registraram taxas elevadas: 7,88% para educação e 7,38% para leitura. O aumento de 8,05% nas despesas com animais domésticos determinou a taxa do grupo Despesas Diversas. E na Alimentação, o aumento foi de 7,14%
Comportamento dos preços nos últimos 12 meses
De julho de 2015 a junho de 2016, a taxa acumulada foi de 9,05%. Foram observadas variações superiores ao índice geral para os grupos Despesas Pessoais (15,29%), Alimentação (12,07%), Despesas Diversas (10,06%), Saúde (9,68%) e Transporte (9,58%).